Pelo segundo dia consecutivo, a poluição atingiu índices alarmantes em Pequim, palco do Superclássico das Américas, no sábado. Os jogadores das seleções de Brasil e Argentina treinaram com bastante intensidade na antevéspera da partida, debaixo de uma enorme nuvem de poeira, que impede até de se enxergar construções próximas, como os inúmeros prédios da cidade.
É corriqueiro entre os habitantes de Pequim andarem com um aplicativo de celular à mão, para olharem com frequência o nível de qualidade do ar (AQI). Ele é medido pelos cinco maiores poluentes regulados por uma lei federal dos Estados Unidos. Durante toda a quinta-feira, no local do treino das equipes, o índice esteve na faixa considerada “perigosa”.
Uma boa qualidade de ar tem índice variado de 0 a 50. A partir de 100, ele já se torna insalubre para determinados grupos de pessoas. Depois de 150, não é saudável. Na noite de quinta, o AQI apontava 457, muito próximo do trágico, que é 500. A população torna-se mais sensível a problemas de ar. Especialistas locais avaliam que 500 mil pessoas morrem por ano em decorrência desses problemas.
A seleção brasileira não precisa se alarmar a ponto de temer consequências mais graves. Além de permanecer na cidade de Pequim por poucos dias, passa boa parte do tempo no hotel, local fechado com ar condicionado. Mesmo assim, alguns jogadores acusam efeitos.
– É complicado para respirar. A garganta fica seca, parece que estamos perto de uma fogueira, com uma fumaça quente. Não dá para driblar esse problema, temos de enfrentar. Quem suportar mais essa poluição e estiver melhor fisicamente tem que jogar – disse Robinho.
À tarde, Dunga parou o treino pelo menos três vezes para que os jogadores se hidratassem. Essa é a maior recomendação do departamento médico para evitar alguma reação mais forte, além de acompanhamento total para detectar possíveis alergias. Diego Tardelli, por exemplo, acordou com ardência na vista.
Mas Robinho, apesar de reconhecer a poluição, nem quer pensar em torná-la um pretexto para uma possível derrota diante da Argentina.
– Tudo que falamos, dizem que estamos dando desculpa, que ganhamos bem para jogar futebol. Atrapalha, mas vai atrapalhar a Argentina também, então na hora do jogo vamos procurar nos esquecer da poluição e apresentar um melhor futebol.(G1)