
A denúncia foi apresentada em agosto do ano passado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot e aditada em março de 2016, mas estava em segredo de Justiça. Nesta quinta-feira (20), entretanto, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo. A acusação também dá conta de que Collor recebeu propinas em razão de contratos para construção de bases de distribuição de combustíveis firmados entre a BR Distribuidora e a UTC Engenharia.
Punições

Em relação a valores, a PGR pede que o grupo seja condenado a reparar os danos materiais morais causados pela conduta dos denunciados. A indenização solicitada é de R$ 154,75 milhões. A Procuradoria exige também que os acusados tenham os bens e valores que forem objeto da lavagem de dinheiro, cujo valor é de R$ 30,9 milhões, judicialmente apreendidos ou sequestrados a título de reparação da União.
Partidos
A peça enviada pela PGR à Justiça dá conta de que a BR Distribuidora era comandada por três diferentes grupos, do PTB, PMDB e PT. A denúncia detalha que o senador tinha forte influência sobre duas diretorias: de Redes de Postos de Serviço e a de Operações e Logística. Segundo as investigações, o ex-presidente atuava como comandante da organização criminosa, que era composta por servidores do Senado, da BR Distribuidora e até da Polícia Federal. Os funcionários públicos utilizariam suas condições funcionais para a prática das atividades delituosas.
Carros
Durante as investigações, a força-tarefa da Lava Jato descobriu que o acusado comprou veículos de luxo para lavar o dinheiro obtido com a prática dos crimes. A frota do ex-presidente era composta por um Lamborghini, modelo Aventador Roadster, ano 2013/2014, avaliado em R$ 3,2 milhões; uma Ferrari modelo 458 Italia, ano 2010/2011 com valor estimado em R$ 1,45 milhão; além de um Bentley, uma Land Rover e um Rolls Royce. De acordo com a denúncia, os automóveis foram pagos ou financiados por meio de empresas de propriedade do senador, como a Gazeta de Alagoas e a TV Gazeta de Alagoas. Embora os carros fossem destinados ao uso pessoal do parlamentar, foram registrados em nome da Água Branca Participações, empresa de ocultação patrimonial do ex-presidente. No caso do Bentley, acrescenta Janot, parte do valor foi pago por meio de transferências diretas da empresa Phisical Comércio Importação e Exportação, operada pelo doleiro Alberto Youssef.
Outros métodos para lavagem de dinheiro foram a compra de uma casa de campo no valor de R$ 4 milhões em Campos do Jordão (SP), além de obras de arte, como um quadro de Di Cavalcanti avaliado em R$ 1,5 milhão e apreendido em 2015. A PGR informa ainda que o senador utilizava de empréstimos fictícios perante a “TV Gazeta” de Alagoas, no valor de cerca de R$ 35,6 milhões.
O nome de Fernando Collor apareceu em uma das fases iniciais da Lava Jato, após a apreensão de documentos na sede de uma das empresas operadas por Alberto Youssef, a GFD Investimentos.(iG)