
Em um cenário de eleições marcado por incertezas, a Argentina presenciou uma reviravolta eleitoral no último domingo (22). Contra todas as expectativas, Sergio Massa, atual ministro da economia e representante do peronismo, garantiu seu lugar no segundo turno ao vencer o ultraliberal Javier Milei. Com mais de 90% das urnas contabilizadas, Massa obteve 36,3% dos votos válidos, enquanto Milei alcançou 30,2%. A terceira colocada, Patricia Bullrich, somou 23,8% e foi eliminada da disputa.
O peronismo, tradicional força política argentina, ainda demonstrou sua influência territorial, mesmo enfrentando sua pior votação em 40 anos. Paralelamente, a coalizão Juntos pela Mudança não conseguiu avançar para o segundo turno pela primeira vez em oito anos. O segundo turno, marcado para 19 de novembro, traz para o eleitorado argentino duas visões distintas de nação. Enquanto Massa, mais ao centro que o atual presidente Alberto Fernández, busca continuidade, Milei propõe uma ruptura liberal significativa.
Sergio Massa, apesar de enfrentar uma crise econômica agravada por uma inflação de 138% ao ano, tem confiança em suas políticas de investimento nos setores energético, mineiro e agropecuário para reverter a situação. Ele serviu como terceiro ministro da Economia sob a liderança de Fernández desde julho de 2022 e tem uma carreira política destacada, incluindo a presidência da Câmara dos Deputados e a prefeitura da cidade de Tigre. Notavelmente, apesar da desaprovação do atual governo por 80% dos argentinos, Massa é visto como uma alternativa viável por seu perfil não-tradicional.
Javier Milei, por outro lado, é conhecido por suas propostas de dolarizar a economia argentina e reduzir significativamente os gastos do Estado. Ele ganhou destaque não apenas por suas posições econômicas, mas também por sua retórica ardente e presença dominante nas redes sociais, muitas vezes comparada ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Apesar de suas diferenças ideológicas, ambos criticam o comunismo e negam as mudanças climáticas.
Cenário econômico desafiador
A Argentina enfrenta sua terceira grande crise econômica recente, marcada por déficits fiscais, dívidas externas e uma inflação crescente. Esta situação tem aumentado a pobreza no país, com quatro em cada dez pessoas incapazes de cobrir despesas básicas.
Para o Brasil, o desfecho desta eleição tem implicações significativas, já que a Argentina é um parceiro comercial crucial. O posicionamento futuro em relação ao Mercosul e aos BRICS está em jogo, especialmente sob a liderança potencial de Milei.