
Como parte da programação da campanha ‘Setembro Amarelo’, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) ofereceu na manhã de segunda-feira 25, um ciclo de palestras sobre suicídio. Participaram do evento, no auditório do Parque do Idoso, Nossa Senhora das Graças, zona Centro-Sul, profissionais do órgão e, ainda, servidores de outras secretarias como educação e assistência social da Prefeitura de Manaus, além de servidores da Secretaria de Estado da Saúde (Susam).
Como um sério problema de saúde pública, o suicídio demanda esforços de atenção à Rede Municipal de Saúde, alertou o secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi. “O controle e a prevenção ao suicídio não são uma tarefa fácil. Capacitar a equipe de atenção primária à saúde para identificar, abordar, manejar e encaminhar um suicida para um atendimento especializado é um passo importante na prevenção do suicídio. A equipe de atenção primária tem contato próximo com a comunidade e são bem aceitos pela população local e também é a porta de entrada aos serviços de saúde para os que deles necessitarem, e para diagnosticar precocemente um suicida a tempo de ajudá-lo”, ressaltou.
A responsável pela Gerência da Rede de Atenção Psicossocial da Semsa, Efthimia Haidos, explicou que o objetivo do evento foi disseminar dados sobre o suicídio no Amazonas. “Temos um grande aumento no número de casos de crianças e adolescentes, que tentam o suicídio, que se automutilam. Acreditamos que essa prática, que hoje ainda é um tabu, deve ser tratada como questão de saúde pública. Falar sobre isso ajuda a quebrar esse tabu e contribui para a prevenção, que é o nosso foco”, afirmou Haidos.
“Tivemos um aumento de 77,7% na região Norte, um salto de 390 para 693 casos. Amazonas, Roraima, Acre e Tocantins duplicaram os quantitativos, segundo o Mapa da Violência (2014). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, o suicídio foi a causa da morte de 60 pessoas, entre janeiro e julho deste ano”, lamentou.
Ainda segundo ela, o suicídio é um gesto de autodestruição, de dar fim à própria vida. Um desejo que passa na mente de pessoas de todas as idades. Uma escolha que tem graves implicações sociais e que em 90% dos casos podem ser evitados. Cobranças sociais e sentimentos de culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo e fracasso estão entre os motivos que levam alguém a praticar o ato.

“Os homens, em geral, se matam mais que as mulheres e é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos. O Brasil ocupa o 8º lugar mundial, com 5 a 9 casos a cada 100 mil habitantes.
São 32 suicídios por dia, sendo que 17% dos brasileiros já pensaram seriamente na possibilidade. Em todo o mundo, acontece um caso a cada 40 segundos. São 800 mil pessoas interrompendo a própria vida, por ano”, informou Haidos.
Setembro Amarelo
A campanha é organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Centro de Valorização da Vida (CVV), com apoio da Prefeitura de Manaus, em nível local. O CVV, fundado em 1962, presta serviço gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem conversar em sigilo. São aproximadamente 2 mil voluntários que realizam mais de um milhão de atendimento por ano, em 18 estados e no Distrito Federal. Atuam durante 24h por meio do 141 (telefone), skype, e-mail, no site www.cvv.org.br ou pessoalmente em 72 postos de atendimento.
“Em alusão à campanha, o Ministério da Saúde divulgou na semana passada o primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suícidio no Brasil. Um dos alertas é a alta taxa entre idosos com mais de 70 anos. O documento vai orientar a expansão e a qualificação da assistência em saúde mental no país”, informou a apoiadora da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS-AM), Andréa Borghi, destacando que duas novas cartilhas podem ser acessadas no site do Ministério. Uma com dicas para jornalistas de como abordar o tema e outra com dicas para a população de como identificar sinais de alerta em pessoas que estão pensando em suicídio.