Sistema pretende diminuir os ruídos produzidos em embarcações regionais

Pesquisadores medem o nível de ruído das embarcações/Foto: Divulgação
Pesquisadores medem o nível de ruído das embarcações/Foto: Divulgação
Pesquisadores medem o nível de ruído das embarcações/Foto: Divulgação

Um perigo que navega nos rios da Amazônia sem ser percebido. Todos os dias milhares de pessoas em todo o Amazonas se deslocam entre os municípios por meio de embarcações. Por conta das longas distâncias, muitas passam dias viajando para chegar à outra localidade. A atividade é corriqueira e faz parte do cotidiano regional, mas deixa a desejar quando o assunto é o ruído prejudicial à saúde dos profissionais dessas embarcações e seus passageiros.
Foi a partir desta percepção que surgiu o projeto intitulado ‘Desenvolvimento de Sistema para Redução de Ruídos em Embarcações Regionais’, de autoria do professor Nelson Kuwahara, do Departamento de Design e Expressão Gráfica (DEG) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).


O projeto está em sua fase inicial e faz parte do Programa de Apoio à Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Amazonas (PAITI), pelo edital 002/2104, coordenado pela professora Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues Chaves, pró-reitora de Inovação Tecnológica (PROTEC-Ufam).

De acordo com Nelson Kuwahara, o projeto nasceu do acompanhamento feito pelo grupo de pesquisa na área de Transportes, Design, Logística e Construção Naval, que observou os níveis de ruídos provocados pelas máquinas das embarcações, que em geral não possuem sistemas de isolamento ou abafamento para a redução desses ruídos para níveis adequados e/ou permitidos. “Nossa preocupação é com a qualidade de vida da tripulação de passageiros do transporte aquaviário da nossa região. São viagens longas com o ruído acima do permitido. Isso pode causar sequelas irreversíveis à saúde”, explicou o professor.

Entre os distúrbios que podem ser causados por essa exposição contínua a ruídos acima do permitido estão a perda auditiva, os de comunicação, do sono, vestibulares, comportamentais, cardiovasculares, hormonais, circulatórios, alterações na concentração e habilidades e alterações no rendimento de trabalho. “Não apenas a tripulação está sujeita a todos esses efeitos negativos, como os passageiros também podem ser afetados com o ruído gerado pelos motores”, enfatiza Kuwahara.

A medição dos níveis de ruído será feita com um aparelho chamado Decibelímetro Digital, como o modelo da imagem. Foto: Divulgação.

Segundo a pesquisa feita pelo grupo, que relaciona o ruído com o impacto sobre as pessoas, levam-se também em consideração o tempo de exposição, o nível de ruído e o tempo permitido de exposição, conforme o que estabelece a Norma Regulamentadora Nº 15, do Ministério do Trabalho, acerca de atividades e operações insalubres, que estabelece os limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente.

“Em um ambiente com ruído máximo de 85 decibéis o indivíduo não pode ficar exposto por mais de oito horas. Já se o ruído for de 115 decibéis o indivíduo não pode passar de sete minutos por dia. Desta forma, nosso projeto visa ter amostras e fazer recomendações de sistemas de acordo com a forma de utilização das embarcações. Caso o sistema seja potencialmente absorvido pelos barcos, será feito um produto”, enfatiza o pesquisador.

De acordo com o professor, nas proximidades das máquinas nas embarcações os níveis passam de 100 decibéis, o que aumenta a preocupação já que uma pessoa não pode passar de sete minutos sob este ruído e muitas vezes os passageiros passam dias viajando.

O recomendável é que as pessoas, por longo período de tempo, estejam expostas a ruídos inferiores a 85 decibéis. De acordo com o pesquisador, é desejável aos trabalhadores do setor aquaviário que os níveis de ruídos nas embarcações fiquem por volta de 60 decibéis, conforme o preconizado pela Norma Regulamentadora – 30, específica para a segurança e saúde do trabalhador aquaviário.

Mudança da realidade

A pesquisa consiste em procurar maneiras de mudar a realidade da inexistência de um sistema de redução de ruídos nas embarcações regionais.

O projeto tem um prazo de 12 meses para ser executado conforme definido junto à Protec/Ufam. Ao final, explica o Kuwahara, deverá ser obtida uma proposta de produto e/ou sistema com potencial de geração de pedido de patente ou registro de desenho industrial perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI. A partir da proteção industrial, o resultado da pesquisa estará disponível para utilização dos demandantes.

Medição

A medição dos níveis de ruído será feita com um aparelho chamado Decibelímetro Digital, também elaborado pela equipe de pesquisa da Ufam.

Os trabalhos de campo começam em meados de Abril, sendo iniciado com um estudo bibliográfico, bem como das configurações desse tipo de transporte.

Outra preocupação dos pesquisadores é com a proximidade das cargas e do  maquinário das embarcações. Por conta dessa realidade, outro tipo de verificação será feito dentro do projeto com o uso de um Termômetro de Globo, equipamento apropriado para verificar a temperatura do ambiente, com o intuito de proporcionar conforto térmico aos usuários dessas embarcações.

Para o pesquisador, não haverá barreiras para o trabalho da equipe, pois o Sindicato dos Transportadores mantém contato com o grupo e facilitará o acesso aos barcos.

Equipe

Além de uma bolsista do Paiti, a equipe conta com a participação do grupo de pesquisa do Laboratório Transportar, grupo PET Design e do Instituto de Pesquisa em Transportes (Intra). “Quero destacar a colaboração do pesquisador do Laboratório Transportar e dirigente do Intra, José Teixeira Araújo, que divide comigo a orientação da bolsista”, ressalta.(Agência Fapeam)

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