Somos todos reféns do 11 de Setembro – Por Pepe Escobar

Décadas depois o mundo continua estarrecido com a barbárie do World Trade center nos EUA - Foto: arquivo/UOL

Para o desespero dos neocons estadunidenses, toda a fúria e som combinada do 11/09 e a Guerra Global ao Terror/Operação de Contingenciamento Ultramar, em menos de 2 décadas, acaba em metástases representadas não somente por um rival mas também na parceria estratégica Rússia-China. Esse é o ‘inimigo’ real – não a Al-Qaeda, uma mera invenção do imaginário da CIA, reabilitada e higienizada na forma de ‘rebeldes moderados’ na Síria, escreve o correspondente Pepe Escobar, ao analisar os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001


Guerra do Terror

Após anos de reportagens sobre a Grande guerra ao terror, muitas questões permanecem pendentes.

O Afeganistão foi bombardeado e invadido por causa do 11/09. Eu estava lá desde o começo, bem antes do 11/09. Em 20 de Agosto de 2001, eu entrevistei o comandante Ahmad Shah Massoud, o “Leão do Panjshir *“, que me contou sobre a aliança profana entre o Talibã, a al-Qaeda e o ISI (Inter-Services Intelligence, o serviço de Inteligência paquistanesa).

De volta a Peshawar, eu fiquei sabendo que algo realmente grande estava para acontecer: meu artigo foi publicado pelo Asia Times em 30 de Agosto. O comandante Massoud foi morto em 9 de Setembro: eu recebi um e-mail sucinto de uma fonte em Panjshir, afirmando somente, “atiraram no comandante”. Dois dias depois, o 11/09 aconteceu.

E ainda, no dia anterior, ninguém mais que Osama bin Laden, em pessoa, esteve num hospital Paquistanês, em Rawalpindi, recebendo tratamento, como foi relatado pela CBS. Bin Laden foi proclamado o autor do atentado já as 11h da manhã no dia 11/09 – com absolutamente nenhuma investigação. Não deveria ser exatamente difícil localizá-lo no Paquistão e “trazê-lo para a Justiça”.

Em dezembro de 2001, eu estava em Tora Bora rastreando bin Laden – debaixo de bombas B-52 e lado a lado com combatentes Pashtun (**). Mais tarde, em 2011, eu revisitaria o dia em que bin Laden desapareceria para sempre.
Um ano após o 11/09 , eu estava de volta ao Afeganistão para uma investigação mais profunda sobre o assassinato de Massoud. Até aquele momento era possível estabelecer uma conexão Saudita: a carta de apresentação dos assassinos de Massoud, que se colocaram como jornalistas, foi fornecida pelo comandante Sayyaf, um ativo saudita.

Por 3 anos minha vida girou em torno da Guerra Global ao Terror; a maior parte do tempo eu vivia literalmente na estrada, no Afeganistão, Paquistão,Irã, Iraque, o Golfo Pérsico e Bruxelas. No começo do “Choque e Pavor” no Iraque, em Março de 2003, o Asia Times publicou minhas abrangentes investigações na qual os neo-cons arranjaram a guerra no Iraque.

Em 2004, errante pelos EUA, eu re-rastreei a viagem do Talibã para o Texas, e como uma prioridade máxima, desde os anos Clinton todo o caminho até os neo-cons, era sobre o que eu havia batizado como “Oleodutistão” – nesse caso como construir o gasoduto Turmequistão-Afeganistão-Paquistão (TAPI) contornando Irã e Rússia e estendendo o controle estadunidense na Ásia Central e Sul.

Mais para frente, eu passei a examinar as difíceis questões que a Comissão do 11/09 nunca respondeu, e como a campanha de re-eleição de Bush estava totalmente condicionada e dependente do 11/09.

Michael Ruppert, um informante da CIA, que pode – ou não – ter cometido suicídio em 2014, era um dos principais analistas do 11/09. Nós trocamos um monte de informação e sempre enfatizando o mesmo ponto: Afeganistão era tudo sobre a (existente) heroína e o ( não-existente) gasoduto.

Em 2011, o tardio, grande Bob Parry desmascararia mais mentiras sobre o Afeganistão. E em 2017, eu detalharia a principal razão do porque os EUA nunca deixarão o Afeganistão: a rota da heroína.

Agora, o Presidente Trump pode ter encontrado um possível acordo Afegão – o qual o Talibã, que controla dois terços do país, são obrigados a recusar, o que permitiria recolher somente 5 mil soldados estadunidenses dos 13 mil atuais. Mais ainda, o “Deep State” estadunidense é absolutamente contra qualquer acordo assim como a Índia e o raquítico governo de Kabul.

Porém Paquistão e China são a favor, especialmente porque Pequim planeja incorporar Kabul no Corredor Econômico China-Paquistão e já admitiu Afeganistão como membro da Organização de Cooperação de Xangai, portanto agregando as montanhas Hindu Kush e a Passagem de Khyber para o vindouro processo de integração da Eurásia.

Avião se lançando a uma das torres – foto: arquivo/recorte

Rezando por um Pearl

Dezoito anos depois do ato mudança-do-jogo, nós permanecemos reféns do 11/09. Os neocons estadunidenses, reunidos em torno do Projeto para o Novo Século Americano, vinham rezando por um “Pearl Habour” para reorientar a política externa estadunidense desde 1997. Suas preces foram atendidas para muito além de seus mais selvagens sonhos.

Já em “O grande tabuleiro de Xadrez”, também publicado em 1997, um ex-consultor de Segurança Nacional e co-fundador da Comissão Trilateral Zbigniew Brzezinski, nominalmente um não neocon, tem salientado que o público Americano “ apoiou o envolvimento amplo da América na segunda Guerra Mundial por causa do efeito do choque do ataque dos Japoneses a Pearl Habour.

Assim, Brzezinski acrescenta, América “ pode achar mais difícil formar um consenso em temas de política externa, exceto em circunstâncias de verdadeiramente massiva e de ampla percepção de ameaça externa direta.”

Como um ataque a terra natal, o 11/09 gerou a Guerra Mundial ao Terror, iniciada as 11h da noite desse mesmo dia, inicialmente batizada com “ A Longa Guerra” pelo Pentágono, mais tarde higienizada como Operação de Contingenciamento Ultramar pela administração Obama. Tem custado trilhões de dólares, matando mais de meio milhão de pessoas e se ramificado em guerras ilegais contra sete nações muçulmanas – tudo justificado por “razões humanitárias” e alegadamente apoiada pela “comunidade internacional”.

Ano após ano, o 11/09 é essencialmente um ritual cerimonial Você Tem o Direito de Aceitar Somente a Versão Oficial , mesmo que a evidência generalizada sugira que o governo estadunidense sabia que o 11/09 aconteceria e não o parou.

Três dias após o 11/09, Frankfurter Allgemeine Zeitung relatou que em Junho de 2001, a Inteligência Alemã alertou a CIA que terroristas do Oriente Médio estavam “planejando sequestrar uma aeronave comercial para usar como arma para atacar importantes símbolos da cultura Americana e Israelense.”

Em Agosto de 2001, o Presidente Putin ordenou a Inteligência Russa para avisar ao governo Estadunidense “nos mais fortes termos possíveis” de ataques eminentes a aeroportos e prédios governamentais, a MSNBC revelou numa entrevista com Putin transmitida em 15 de Setembro desse ano.

Nenhuma agência governamental estadunidense liberou qualquer informação sobre quem usou conhecimento prévio do 11/09 no mercado financeiro. O Congresso estadunidense nem mesmo tocou no assunto. Na Alemanha, o jornalista investigativo de finanças Lars Schall trabalha por anos num estudo intenso detalhando a grande extensão de informações privilegiadas antes do 11/09.

Enquanto o NORAD dormia

Desacreditada a narrativa oficial e imutável do 11/09, permanece um último tabu. Centenas de arquitetos e engenheiros envolvidos numa meticulosamente desmitificação técnica de todos os aspectos da estória oficial do 11/09 foram sumariamente dispensados como “ teoristas conspiradores”.

Em contraponto, o ceticismo enraizado na tradição Grega e Latina surge com, provavelmente, o melhor documentário sobre o 11/09: Zero, uma produção italiana. Assim como, seguramente o mais estimulante livro sobre o 11/09 é também italiano: O Mito de 11 de Setembro, por Roberto Quaglia, que oferece delicadas nuances narrativas do 11/09 como um mito estruturado, como num filme. O livro foi um sucesso imenso na Europa Oriental.

Questões sérias sugerem suspeitas bastante plausíveis a serem investigadas relativas ao 11/09 para além dos 19 Árabes com caixas de facas. Dez anos atrás, no Asia Times, eu perguntei 50 questões, algumas delas extremamente detalhadas, a respeito do 11/09. Depois das demandas e sugestões de leitores, acrescentei outras 20. Nenhuma dessas questões foram convincentemente abordadas – sequer respondidas – pela narrativa oficial.

A opinião pública mundial é levada a acreditar que na manhã de 11/09, quatro aviões comerciais, presumivelmente sequestrados por 19 árabes portando caixas com facas, viajaram sem ser incomodados – por duas horas – através do mais controlado espaço aéreo do planeta, o qual é supervisionado pelo mais devastador aparato militar existente.

O vôo 11 da American Airlines foi desviado de seu caminho as 8:13 da manhã e se chocou com a torre do World Trade Center as 8:57. Somente as 8:46 o NORAD – o Comando de Defesa Aeroespacial Norte Americano – ordenou que dois interceptadores F-15 decolassem da base militar Otis.

Por uma curiosa coincidência um exercício de guerra do Pentágono estava em ação naquela manhã do 11/09 – por isso os controladores de radar podem ter registrados somente “sinais fantasmas” de aeronaves não existentes simulantes um ataque aéreo. Bem, isso é muito mais complicado do que parece, como demonstraram pilotos profissionais.

‘O Anjo era o próximo’

A opinião pública mundial também foi levada a acreditar que um Boeing 757 – com uma largura de uma ponta a outra das asas de 38 metros – foi dirigido para penetrar o Pentágono através de um buraco de seis metros de abertura na altura do chão. Um Boeing 757 com trem de aterrissagem abaixado tem 13 metros de altura. São aeronaves que se recusam a chocar com o chão – por isso é uma façanha convencer alguém a voar a 10 metros do chão, com o trens de pouso abaixados, e a uma velocidade de 800 quilômetros por hora.

De acordo com a narrativa oficial, o Boeing 757 literalmente pulverizou-se. Mesmo que antes da pulverização, foi dirigido para perfurar seis paredes dos três anéis do Pentágono, fazendo um buraco de dois metros de abertura na ultima parede e danificando levemente os segundo e terceiros anéis. A narrativa oficial é que esse buraco foi causado pelo nariz do avião – ainda firme após a pulverização. E o resto do avião – uma massa de 100 toneladas viajando a 800 quilômetros por hora – miraculosamente parou no primeiro anel.

Tudo isso aconteceu sob a administração de um certo Hani Hanjour, que 3 semanas antes foi avaliado por seus instrutores de voo como incapaz de pilotar um Cessna. Hanjour, entretanto, gerenciou a aeronave para alcançar uma ultra-rápida espiral descendente de 270 graus, alinhando-a a 10 metros, no máximo, do chão, calibrando minuciosamente a trajetória e mantendo uma velocidade de cruzeiro em torno de 800 quilômetros por hora.

As 9:37 da manhã, Hanjour atinge precisamente o escritório de análise de orçamento do Pentágono, aonde todo mundo trabalhava freneticamente num misterioso desaparecimento de nada menos que $2,3 trilhões, que o Secretário de defesa Donald “Conhecido Desconhecido” Rumsfeld, numa entrevista coletiva de imprensa no dia anterior, disse que não poderia ser monitorado. Assim, não foi só o Boeing que se pulverizou dentro do Pentágono.

A opinião pública mundial foi também dirigida a acreditar que a física Newtoniana estava suspensa como um bônus especial para o WTC 1 e 2 no 11/09 (sem mencionar o WTC 7, que nem mesmo foi atingido por uma aeronave). O vagaroso WTC levou 10 segundos para cair 411 metros, começando da imobilidade. Ou seja, ele caiu 148 quilômetros por hora. Considerando o tempo de aceleração inicial, ocorreu uma queda livre, não impedida por um maciço de vigas verticais de aço que compunham a estrutura central da torre.

A opinião pública mundial foi também dirigida a acreditar que o voo 93 da United Airlines – 150 toneladas de aeronave com 45 pessoas, 200 lugares, bagagens, com 38 metros de comprimento de uma asa a outra – espatifou-se num campo na Pensilvânia e também literalmente, pulverizou-se, desaparecendo totalmente dentro de um buraco de 6 metros por 3 metros de abertura e dois metros de profundidade.

De repente, o Air Force One era “o único avião nos céus.” O coronel Mark Tillman que estava a bordo lembrou : “Recebemos um relato de que existe uma mensagem dizendo que “Anjo” será o próximo. Ninguém realmente sabe agora da onde veio o comentário – isso chegou mal traduzido ou truncado entre a Casa Branca, a Sala de Crise, os operadores de rádio. “Anjo” era nosso nome código. O fato é que eles sabiam sobre “Anjo”, bem, você tem que ser do círculo interno.”

Isso significa que os 19 Árabes com caixas com facas, e a maioria dos seus mandantes, certamente, tem que ser do “círculo interno”. Inevitavelmente , isso nunca foi completamente investigado.

Já em 1997, Brzezinski tinha avisado, “ É imperativo que nenhum adversário Eurasiano emerja com capacidade de dominação da Eurásia e portanto de desafiar a América”.

No final, para o desespero dos neocons estadunidenses, toda a fúria e som combinada do 11/09 e a Guerra Global ao Terror/Operação de Contingenciamento Ultramar, em menos de 2 décadas, acaba em metástases representadas não somente por um rival mas também na parceria estratégica Rússia-China. Esse é o “inimigo” real – não a Al-Qaeda, uma mera invenção do imaginário da CIA, reabilitada e higienizada na forma de “rebeldes moderados” na Síria.

Asia Times – Por Pepe Escobar, Tradução de Regina Aquino

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