

William Shakespeare famoso pela célebre frase “Ser ou não ser, eis a questão”, foi um dos responsáveis em apresentar nos palcos, textos dramáticos reflexivos e questionadores sobre as condições de vida do ser humano, propondo a reinvenção do homem e, idealizado pelo Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE), do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), o 1º Teatro de Cegos do Amazonas apresentou-se ontem, quinta-feira (28), durante a programação do III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica (FMPET), que terminaté hoje (29), no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda-PE.
Com as atividades iniciadas no primeiro semestre de 2014, é a primeira vez que o grupo teatral participa de um evento fora do Campus Manaus Centro (CMC), local onde desenvolve seus ensaios e apresentações.
Para o público do FMEPT 2015, foi apresentado o espetáculo ‘No Reino do Pré-con-ceito’, dividido em três atos: Tutalá, Pedaço de Chão e Repartição Pública. “Cada parte fala sobre situações de dificuldades enfrentadas pelos deficientes, como a utilização do transporte público, polícia e questões latifundiárias e o imbróglio do serviço público quando demonstra falta de atenção aos deficientes”, explicou o roteirista e diretor da peça, professor Helson Brasil.
Nesta edição do FMEPT, seis atores estiveram presentes para encenar o espetáculo. Atualmente o grupo é composto por 14 artistas, com baixa visão e cegos. O espetáculo utiliza um cenário rústico, com representações materiais de artefatos simples como enxadas, pás, vassouras, faixas e maquetes.
Inclusão por meio de arte cênica
E é por meio do 1º Teatro de Cegos do Amazonas que o NAPNE promove a inclusão de pessoas a partir da arte cênica, reforçando o sentindo da palavra teatro que, derivada do grego theaomai, significa olhar com atenção. O grupo utiliza o método do Teatro do Oprimido (TO), sistema criado pelo teatrólogo carioca Augusto Boal, tendo como objetivos, a democratização dos meios de produção teatral e o acesso das camadas sociais menos favorecidas.
“A técnica traz para o campo da arte, problemas de cidadania, pobreza, garantias sociais e direitos civis, vividos por populações menos favorecidas. A questão da deficiência é inserida no teatro, pelo fato de que a arte também deve responsabilizar-se por tecer uma crítica social, tema discutido no âmbito da proposta de Augusto Boal”, explicou o coordenador do NAPNE do Campus Manaus Centro (CMC), professor Janari Silva.
Por ser considerado um meio de comunicação, o teatro desempenha diferentes papéis na formação sociocultural do indivíduo, conforme demonstra a própria história do homem. De acordo com o coordenador do NAPNE/CMC, o tema chama atenção dos sujeitos sociais e educativos pelo ineditismo, principalmente porque o espetáculo é constituído por atores cegos e com baixa visão. “A ação é transformadora na medida em que confronta realidades de sujeitos sociais, no âmbito de uma instituição de ensino, onde o processo educacional exige uma mediação pelo caráter humanístico da ação educativa”, disse Silva.