Tecnologia produz energia elétrica para comunidades na Amazônia

A tecnologia é capaz de produzir energia solar residencial/Foto: Amanda Lelis

Energia elétrica o dia inteiro para as atividades aparentemente mais cotidianas, como usar a geladeira ou assistir televisão, é uma realidade distante para muita gente na Amazônia. Longe dos centros urbanos, comunidades ribeirinhas dispõe de poucas horas diárias de eletricidade, alimentadas por geradores movidos a combustível, para dar conta de atividades essenciais. Nessas áreas, onde os sistemas convencionais de distribuição de energia não chegam, a geração de fontes alternativas e locais é uma prioridade


O Instituto Mamirauá promoveu, junto ao Instituto de Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto Sustentabilidade (IDEAAS), o “Curso de capacitação de agentes técnicos para a tecnologia Bakana Solar”. Montado apenas com tecnologias de baixo custo e fabricadas no Brasil, o Bakana é um kit capaz de produzir energia solar residencial e enfrentar o problema da exclusão elétrica em regiões afastadas de centros urbanos, como comunidades no Médio Solimões, Amazonas. As aulas aconteceram entre os dias 10 e 13 de setembro, na sede do instituto e na comunidade Vista Alegre, da Reserva Amanã, no estado do Amazonas.

O curso é mais uma etapa do programa “Luz para uma vida melhor”/Foto: Bernardo Oliveira

O curso é mais uma etapa do programa “Luz para uma vida melhor”, financiado pela Charles Mott Foundation. O projeto, cuja primeira edição aconteceu em 2011, tem como objetivo criar um “arranjo produtivo local” de energia sustentável na Amazônia, capacitando moradores de regiões com difícil acesso à energia elétrica a reproduzirem o equipamento e sua instalação como atividade remunerada na região. O Instituto Mamirauá, uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), é o coordenador local do projeto.

As duas primeiras aulas aconteceram na sede do instituto. As atividades tiveram continuidade na comunidade Vista Alegre, da Reserva Amanã, onde os alunos instalaram quatro kits, que já estão funcionando. Foram realizados um treinamento para os usuários e um diagnóstico do uso de energia da comunidade. Teve início também a montagem do arranjo produtivo, que vai organizar quem será responsável por cada etapa no momento da comercialização do produto.

O projeto tem como objetivo criar um “arranjo produtivo local” de energia sustentável na Amazônia/Foto: Bernardo Oliveira

Como funciona o sistema

O Bakana Solar é extremamente simples, composto por um painel solar, bateria, controlador de carga, lâmpadas e carregador USB. Depois de instalado, pode fornecer energia para o funcionamento da iluminação de uma casa, de uma lâmpada para espantar morcegos, para a recarga de celulares e aparelhos com entrada USB e ser adaptado para uma televisão 14 polegadas.

Nesta fase do projeto, os kits ainda estão sendo doados para os alunos, mas a ideia é que o valor do aparato vendido não supere o equivalente a poucos meses de gastos com combustíveis para geradores. “É como se o Bakana fosse o gerador, mas elas (as famílias) não precisam pagar o combustível depois, porque o combustível é o Sol.”, explica Ligia Kawata, gestora ambiental do IDEAAS. “O combustível é algo que consome muito a renda das famílias aqui. “, afirma.

O IDEAAS, que trabalha com modelos de acesso à energia há mais de 20 anos, foi o responsável pela transferência da tecnologia do Bakana. O projeto “Luz para uma vida melhor” começou com a instalação de 20 kits nas Ilhas de Belém, no Pará.

A tecnologia é capaz de produzir energia solar residencial/Foto: Amanda Lelis

Agora, nesta nova fase, o curso de capacitação recebeu representantes da Associação dos Moradores e Usuários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – Antonio Martins (AMURMAM), da Central das Associações dos Moradores e Usuários da Reserva Amanã (Camura), da Associação de Produtores/as Agroextrativistas da Flona de Tefé e Entorno (Apafe) e do Distrito Sanitário Especial Indígena do Médio Rio Solimões e Afluentes (Dsei/Tefé).

“Como a ideia era capacitar agentes técnicos, trouxemos pessoas que fossem de dentro das comunidades, para dar também uma significância às unidades de conservação, que estão distantes dos centros urbanos, do acesso à energia convencional. “, conta Dávila Corrêa, coordenadora do Programa Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá.

Maria do Socorro, 57, vice-presidente da comunidade Santo Estevão, na Reserva Amanã, afirma que a energia solar poderia ajudar os comunitários a pouparem o dinheiro gasto com energia. “Porque hoje a gente usa o motor à gasolina e gasta muito, no preço que está. A diesel favorece um pouco, mas sempre o preço é alto (…) acho que a energia solar vai favorecer em alguns gastos que a gente faz”.

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