Tempo de concórdia – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Novamente quedo-me a esta quadra privilegiada do ano. Fase de aliviar a tristeza, dar trégua à amargura, tolerar o erro, conviver com a fraqueza, sepultar o ressentimento e, especialmente, avivar expectativas por mais tênues que sejam. Instante de aceitar, aproximar, perdoar, esquecer os agravos, renovar as esperanças. Esperanças que se anunciam como possibilidades de superação dos problemas e probabilidades de concretização de planos, projetos, desejos e sonhos. Tudo isto porque de esperança vive o homem, que nela busca amenizar a aridez do cotidiano e espera a realização de incontáveis probabilidades. Daí o interesse de mantê-las sempre vivas, mesmo diante da perspectiva de um possível fracasso, pois são elas que sustentam o ânimo, contribuindo para a vitória sobre o desencanto.


Tempo de novo Ano é tempo de concórdia, em que as divergências tendem a ser superadas e o homem, submetido às celebrações do momento, sente a necessidade de irmanar-se, confraternizar-se e acolher o próximo. É tempo de ter fé e de acreditar na capacidade de o homem transformar o mundo, mediante a prática do amor e da solidariedade, promovendo, ademais, o abrolhar do sentimento que a todos irmana – a fraternidade. Temos que pensar (e é isso que faço sempre) que existem coisas pequenas e grandes coisas que levaremos para o resto de nossas vidas. Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas. Depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou. Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência.

Provavelmente, iremos pela vida afora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante, cada momento que interferiu nos nossos dias e que deixou marcas. Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um Natal, uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo. Quem sabe uma amizade incomparável, um sol que foi alcançado após muita luta, algo que deixou de existir por puro fracasso. Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo. Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas e até animais (como minha Mona) guardadas dentro de nós. Umas porque nos dedicaram um carinho enorme, outras porque foram o objetivo de nosso amor, outras ainda, por terem nos magoado profundamente. Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos. Bem lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou de realidades. Penso sempre que hoje, apesar de entardecer a vida é só o começo de tudo, que se houver algo errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto da vida, de certa forma, ainda está em minha mão. Nesta época ficamos mais emotivos, mais humanos, porque o ano que se avizinha é promessa de esperança e símbolo de renascimento. Ninguém é capaz de esquecer, como disseram alguns sábios, que o Sermão da Montanha resume um código que, se observado ao pé da letra, seria bastante para estabelecer a concórdia entre todos. Que este Ano Novo seja um convite a reconciliação e uma luz capaz de superar as trevas que surgem no horizonte, e ainda, que este ano seja uma prece para apaziguar os irmãos separados, tirar o ódio dos corações e realizar a paz que Ele nos prometeu.

Um 2019 venturoso para todos.

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

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