

Mais um 21 de abril, o Dia de Tiradentes. Essa data deveria ser celebrada como o início da construção da nossa identidade nacional, pela ação ativista de um grupo comandado por José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, que se contrapôs à cobrança de altos impostos – cerca de 20 %, – sobre a produção de ouro pela Coroa portuguesa e sobre os rendimentos de cada trabalhador mineiro.
Os planos de insurgência contra o governo de Minas Gerais, à frente o filósofo Afonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça, o Visconde de Barbacena, foram articulados em 1788, e a história a reconhece como sendo a primeira tentativa de revolta popular contra o assalto ao bolso do contribuinte e como a primeira manifestação da ideia da independência do Brasil.
Decorridos aproximadamente 227 anos do primeiro movimento, o brasileiro ainda sofre com a carga tributária mais escorchante do mundo, hoje aos níveis acima de 35% do PIB.
Os objetivos dos “Inconfidentes Mineiros” foram denunciados por Joaquim Silvério dos Reis ao visconde de Barbacena, que mandou suspender, imediatamente, as medidas tributárias impopulares e prender todos os implicados no movimento, abortando, assim, a ideia de independência.
Como o mais influente do grupo, Tiradentes não se conformava com a exploração imposta ao Brasil pela Coroa e pregava um governo republicano independente de Portugal, bem como a criação de novas indústrias e de uma universidade em Vila Rica, e fazer de São João del-Rei a capital do país.

Todos os inconfidentes foram presos e Tiradentes foi capturado no Rio de Janeiro. O processo contra eles e os subsequentes julgamentos e sentenças só terminaram no dia 18 de abril de 1792. Os réus foram sentenciados pelo crime de “lesa-majestade” e condenados a pena de expulsão do país. Diferente dos demais, Tiradentes foi condenado à forca no dia 21 de abril, teve seu corpo esquartejado e sua cabeça exibida na praça principal da cidade de Ouro Preto.
O dia da morte de Tiradentes foi interpretado, por muito tempo, como o dia em que um rebelde foi morto, por decisão típica de um regime absolutista. Entretanto, só após a Independência do Brasil, a imagem de Tiradentes começou a ser recuperada e reconhecida como um dos heróis da Nação que lutou até a morte pela liberdade do povo.
Antes de morrer, Tiradentes disse: “Jurei morrer pela independência do Brasil; cumpro a minha palavra”.
*Garcia Neto é jornalista e professor