TJAM julga denúncia de exploração sexual feita na operação Estocolmo

Operação Estocolmo/Foto: D24am

Operação Estocolmo/Foto: D24am


Manaus – O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) julga, hoje (28), se aceita o processo da operação Estocolmo, deflagrada pela Polícia Civil em 2012, que desarticulou uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes. A investigação apontou 20 pessoas, entre políticos e empresários influentes no Estado.

O tribunal julgará se acata a denúncia do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), feita a partir de inquérito policial da Delegacia Especializada de Assistência e Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

O TJAM informou que o plenário será esvaziado durante o julgamento. A sessão deve ser restrita aos desembargadores porque o processo corre em segredo de justiça. O nome de nenhum dos réus foi oficialmente divulgado.

O delegado geral da Polícia Civil, Josué Rocha, informou que a investigação começou em maio de 2012, quando a mãe de uma adolescente de 13 anos denunciou à DPCA que a filha era vítima do esquema de exploração sexual. Em 23 de novembro do mesmo ano, policiais civis cumpriram oito mandados de prisão, todos em residências em condomínios de luxo, na zona Oeste de Manaus. A Polícia Federal (PF) participou da ação, porque um dos investigados ocupava o cargo de cônsul.

Imagens

Também foram cumpridos 46 mandados de busca e apreensão, na casa de clientes da rede de prostituição e meninas aliciadas. Durante a operação, foram recolhidas mais de mil mídias de CDs e DVDs, além de computadores e câmeras fotográficas, interceptações telefônicas e filmagens. A investigação identificou que pelo menos 30 adolescentes, com idades entre 13 e 17 anos, eram aliciadas e agenciadas na rede.

Em dezembro do ano passado, policiais civis prenderam mais dois suspeitos de envolvimento na rede de exploração sexual infanto-juvenil. A delegada da DPCA, Linda Gláucia, informou que não pode comentar o caso porque o processo corre em segredo de Justiça.

Vítimas

O nome da operação faz referência ao 1º Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, realizado na cidade de Estocolmo, na Suécia, em 1996. O delegado Josué Rocha disse que a nomenclatura também remete à síndrome de Estocolmo, na qual vítimas de sequestro que permanecem um longo tempo com seus raptores passam a vê-lo como um cuidador e criam um vínculo afetivo. “Muitas meninas exploradas sexualmente não se veem como vítimas”, explicou.

Investigações Federais

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga crimes de exploração sexual contra crianças e adolescentes em todo o País esteve em Manaus para recolher informações sobre a operação Estocolmo, em setembro do ano passado. A deputada federal que preside a comissão, Érica Kokay (PT-RJ), afirmou que o Amazonas concentra simultaneamente o maior número de ações de enfrentamento à exploração sexual infanto-juvenil e um nível alto de impunidade.

A CPI constatou que no período de janeiro a setembro do ano passado, foram registrados na capital 706 casos de abuso sexual contra vulneráveis. Em 2012, foram 875 casos.

O Ministério Público Federal do Amazonas (MPF/AM) também está apurando possíveis deficiências da União e do Estado na prevenção e repressão de crimes de exploração sexual contra crianças e adolescentes em todo o Amazonas. O procedimento foi instaurado após o recebimento de diversos relatos e denúncias de aliciamento e prostituição infanto-juvenil, que estão sendo investigados na esfera criminal do órgão.(D24am)

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