Trégua em Aleppo é prorrogada por mais 72 horas, anuncia ministro russo

Trégua em Aleppo, na Síria, prorrogada/Foto: AFP

O ministério russo da Defesa anunciou, ontem (06), que a trégua de dois dias na cidade síria de Aleppo, dividida entre o regime sírio e os rebeldes, foi prorrogada por mais 72 horas.
“Para evitar que a situação piore e por iniciativa da parte russa, o regime do silêncio (das armas) na província de Latakia e na cidade de Aleppo foi prorrogado durante 72 horas, a partir de 7 de maio à 00H01 local”, diz o comunicado.


Washington e Moscou haviam pressionado as forças do governo e os grupos rebeldes para que aceitassem um cessar-fogo em Aleppo inicialmente durante quinta e sexta-feira.

A trégua inicial deveria terminar na primeira hora deste sábado, após dar um fôlego aos habitantes de Aleppo, submetidos a duas semanas de combates que mataram mais de 280 civis.

“Celebramos essa recente prolongação, mas nosso objetivo é chegar a um momento no qual já não tenhamos de contar as horas e no qual o cessar das hostilidades seja totalmente respeitado em toda a Síria”, acrescentou.

Os Estados Unidos se pronunciaram pouco depois do anúncio russo.

“O cessar das hostilidades reduziu a violência em Aleppo, e os Estados Unidos se comprometeram a manter essa trégua todo o tempo possível”, declarou o porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby.

O cessar-fogo em Aleppo faz parte dos esforços internacionais para reativar a trégua de 27 de fevereiro – vigente em toda a Síria, exceto nos setores controlados pelos jihadistas do grupo Estado Islâmico e da Frente Al-Nosra – e para promover as negociações de paz.

Nas últimas 24 horas, ao menos 73 pessoas morreram na batalha entre as forças do regime e os jihadistas da Frente Al Nosra ao sul de Aleppo, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Nesta sexta-feira, a comunidade internacional expressou sua indignação com os bombardeios que mataram 28 pessoas na véspera em um campo de refugiados do norte da Síria, considerados “crimes de guerra” pela ONU.

Os 28 civis, incluindo crianças, morreram em um campo de refugiados dos combates na província de Idleb, no noroeste do país.

Até o momento não foi possível determinar quem está por trás dos bombardeios, perto da cidade de Sarmada, na fronteira com a Turquia. Aviões do regime, da Rússia e da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos sobrevoam a Síria.

O governo negou qualquer envolvimento. O exército sírio chegou a afirmar que os rebeldes atacaram recentemente “alvos civis” para depois acusar o governo de Damasco. Os insurgentes, no entanto, não dispõem de aviões.

A Rússia também negou que qualquer avião do país ou da Síria tenha sobrevoado na quinta-feira a região do campo de refugiados.

“Nenhum avião russo ou qualquer outro sobrevoou a área”, afirmou o porta-voz do ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, antes de destacar que o campo de deslocados poderia ter sido alvo de um ataque “premeditado ou acidental de artilharia” dos jihadistas da Frente Al-Nosra.

Os rebeldes sírios acusam a aviação do regime de Damasco de ser responsável pelo bombardeio.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se disse “escandalizado” com o bombardeio, considerando que os responsáveis “devem prestar contas”.

A União Europeia chamou o ataque de “inaceitável” e o governo dos Estados Unidos afirmou que, embora não esteja confirmada a autoria do regime sírio no bombardeio, este corresponde “totalmente” a suas operações anteriores.

Os vídeos divulgados na internet por militantes – apresentados como imagens da tragédia – mostram barracas azuis destruídas, em chamas, em meio a gritos de adultos e choro de crianças.

A guerra, que já deixou mais de 270 mil mortos em cinco anos, também provocou o exílio de mais da metade da população e uma grave crise humanitária.(Terra/IstoÉ)

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