Vazamento de senhas expõe dados de 16 milhões de pacientes de Covid-19

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Ao menos 16 milhões de brasileiros que tiveram diagnóstico suspeito ou confirmado de covid-19 ficaram com seus dados pessoais e médicos expostos na internet durante quase um mês por causa de um vazamento de senhas de sistemas do Ministério da Saúde.


Entre as pessoas que tiveram a privacidade violada, com exposição de informações como CPF, endereço, telefone e doenças pré-existentes, estão o presidente Jair Bolsonaro e familiares; o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; outros seis titulares de ministérios, como Onyx Lorenzoni e Damares Alves; o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e mais 16 governadores, além dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre(DEM-AP).

A exposição de dados ocorreu após um funcionário do Hospital Albert Einstein divulgar uma lista com usuários e senhas que davam acesso aos bancos de dados de pessoas testadas, diagnosticadas e internadas por covid nos 27 Estados.

Com essas senhas, era possível acessar os registros de covid-19 lançados em dois sistemas federais: o E-SUS-VE, no qual são notificados casos suspeitos e confirmados da doença quando o paciente tem quadro leve ou moderado, e o Sivep-Gripe, em que são registradas todas as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ou seja, os pacientes mais graves.

A exposição dos dados foi descoberta pelo jornal O Estado de S. Paulo após uma denúncia recebida pela reportagem com o link para a página onde as senhas dos sistemas estavam disponíveis.

Nota do Hospital Albert Einstein 

“São Paulo, 26 de novembro de 2020 – O Hospital Israelita Albert Einstein tomou conhecimento na tarde desta quarta-feira, 25/11, que um colaborador contratado para prestar serviços ao Ministério da Saúde havia arquivado informações de acesso a determinados sistemas sem a proteção adequada.

Estas informações foram removidas imediatamente e o fato comunicado ao Ministério da Saúde para que fossem tomadas medidas que assegurassem a proteção das referidas informações.

O Einstein ressalta que não houve divulgação de quaisquer dados pelo empregado e que o hospital não tem acesso a eles. Eles ficam arquivados em uma base de dados do Ministério da Saúde e são usados em um programa de monitoramento da pandemia de Covid-19. O colaborador estava inclusive locado em Brasília.

A organização reitera seu compromisso com a segurança das informações e a proteção de dados e informa que já iniciou a apuração do incidente. Além disso, realizou na manhã da quinta-feira, 26/11, o desligamento do colaborador por ter infringido as normas internas adotadas para garantir proteção e segurança de dados.”

Nota do Ministério da Saúde

“O Ministério da Saúde informa que realizou reunião com o Hospital Israelita Albert Einstein – com quem tem parceria via Proadi -, para esclarecimento dos fatos. O profissional contratado atua no MS como cientista de dados e iniciou as atividades em 14/09/2020 e, no âmbito das medidas de segurança do ministério, em atendimento aos protocolos de compliance e confidencialidade, por meio de assinatura do termo de responsabilidade antes do acesso à base de dados do e-SUS Notifica.

O Hospital informou ao Ministério da Saúde que iniciou um processo de apuração dos fatos. A equipe de segurança cibernética do hospital está tomando todas as medidas para conter um possível vazamento de arquivos contendo login e senha para acesso das informações dos sistemas via Elastic Search. A instituição informou, também, que uma planilha foi equivocadamente publicada em uma plataforma de hospedagem de código-fonte. Este documento foi apagado e está sendo realizado o rastreamento de possíveis sites ou ciberespaços onde os dados podem ter sido replicados. O hospital confirmou que houve falha humana de um dos seus colaboradores – e não do sistema.

O Departamento de Informática do SUS (DataSUS) revogou imediatamente todos os acessos dos logins e das senhas que estavam contidos na referida planilha. É importante ressaltar que os dados não são de fácil acesso, uma vez que apenas login e senha não são suficientes para se chegar às informações contidas nos bancos de dados – e sim um conjunto de fatores técnicos,. O Ministério da Saúde ressalta que todos os técnicos que têm acesso aos seus sistemas de informação assinam termo de responsabilidade para uso das informações e todos estão cientes de que a divulgação de informações pessoais está sujeita a sanções penais e administrativas.”

Estado de S. Paulo

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