Vice ideal ou vice necessário? – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado - Foto: Correio da Amazônia

Uma das narrativas políticas mais destacadas neste período de pré-convenções partidárias é a escolha dos vices dos pré-candidatos lançados aos governos estaduais e a presidência da República. Não é tarefa fácil, pois o (a) vice pode somar ou subtrair, ajudar ou atrapalhar, mover golpe contra o titular ou ser fiel, pode estar num partido importante com força política ou numa simples sigla sem tempo de televisão e sem recursos de campanha, pode ter afinidade ideológica ou ser antagonista. Mas há sempre uma pergunta nesta ocasião: existe um tipo ideal ou um vice necessário?


No Brasil, com muitos partidos, com muitos interesses locais e nacionais, com disputas abertas e com forte presença de grupos sociais e econômicos nas eleições, o (a) vice possui requisitos importantes numa composição de partidos ou numa escolha interna de somente uma agremiação partidária.

O tipo ideal de vice pode ser entendido como uma construção com outros tipos ideais. Por exemplo: possuir afinidade ideológica e administrativa com o titular do cargo; ter expressão eleitoral, que traga votos para a chapa; estar filiado a um partido com tempo de televisão e rádio, com recursos significativos pra campanha e com grande capilaridade política nos espaços onde serão realizadas as eleições; ser agregador, articulador e envolver novos setores, grupos sociais, lideranças políticas e ser representante político de áreas importantes; pode ser, inclusive, do gênero feminino devido ao peso político do eleitorado feminino.

Já o vice necessário pode até possuir alguns elementos do vice ideal. Mas a sua escolha reside muito mais na obrigação legal da chapa ou na acomodação de interesses pessoais do titular. É aquele dito popular: quem não tem cão, caça com gato.

No atual cenário político do Brasil e do Amazonas, estes tipos, o vice ideal e o necessário, estão bem expostos nos anúncios de indicados ou na busca deles ou delas.

O ex-presidente Lula definiu Geraldo Alckmin como o vice na chapa que levará para a convenção. Ele tem votos, é agregador, é filiado a um partido com tempo de televisão e rádio, traz novas forças políticas para a composição, possui boa aceitação na classe média e no empresariado, além forte presença no Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil. Mas, será que ambos possuem afinidades ideológicas e administrativas?

Bolsonaro lançou o nome do general Braga Neto. É respeitado dentro da área militar e nos grupos de apoiadores do presidente. É de um partido forte e tem afinidade ideológica e administrativa com o atual presidente. Mas ele agrega novos grupos de apoio político e possui votos pra somar?

Outros pré-candidato(a)s, como Ciro Gomes e Simone Tebet, estão tentando fugir do vice necessário e buscando montar uma composição política para disputar pra valer. Tá difícil!

No Amazonas, ainda não existem nomes escolhidos para composições das futuras chapas de Amazonino, de Eduardo Braga, de Wilson Lima, de Ricardo Nicolau e de Carol Braz, apesar de nomes já serem citados em conversas nos bastidores. Ricardo Nicolau seria um vice ideal para Eduardo Braga e Humberto Michiles um vice necessário de Amazonino. Já Wilson Lima pode escolher entre um vice necessário ou um ideal. O grupo de que ele faz parte tem nomes bons, mas também pessoas sem expressão eleitoral pleiteando a vaga.

Tudo isso, as escolhas dos vices ideais ou necessários, só será definido nas convenções partidárias. Eles ou elas estarão no material de propaganda e nas urnas eletrônicas para que o eleitorado possa tirar as suas conclusões e votar.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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