Violência nas Escolas: o que fazer? – Por Garcia Neto

Professor, Jornalista Garcia Neto.
Professor, Jornalista Garcia Neto.
Professor, Jornalista Garcia Neto.

Distúrbios disciplinares, violência nas escolas e autoritarismo disciplinador nas relações interpessoais são alguns dos maiores problemas pedagógicos e sociais da atualidade e vêm comprometendo a busca por uma educação de qualidade no Brasil. São fenômenos complexos, cujo enfrentamento requer disposição e preparo para buscar caminhos não-autoritários.


Enfrentar esses fenômenos exige dos profissionais da educação uma nova postura, democrática e dialógica, que entenda os alunos e as alunas não mais como sujeitos passivos ou adversários que devem ser dominados e vencidos, pois tal modelo não funciona em uma sociedade que se pretende democrática. O caminho está no reconhecimento dos estudantes como possíveis parceiros de uma caminhada política e humana que almeja a construção de uma sociedade mais justa, solidária e feliz.

Esses problemas pedagógicos e sociais têm levado a Educação e o sistema educacional brasileiro a passar por momentos de extrema complexidade. Na abordagem sobre violência escolar, a violência dentro do ambiente escolar existe, é fato, e os danos causados com os atos de vandalismo, agressões, confronto entre gangues, roubos, tráfico e assassinatos passaram a fazer parte da rotina escolar, são comprometedores, com reflexos negativos na sociedade, considerando-se que o ato violento possui diversas causas e gera consequências em todo o sistema escolar.

A escola deixou de ser uma referência de segurança e de futuro melhor a crianças e adolescentes para se tornar um espaço violento, um ambiente de medo, terror e angústia. Ao falar sobre violência, o que se tem feito ou o que se deixou de fazer ou, ainda, o que falta fazer para inibir a prática desses atos subversivos que se tornou rotineiro entre estudantes dentro de escolas brasileiras? Para os especialistas, a responsabilidade é de toda sociedade (Governo, família, escola, personalclinic academies, entre outros), porque “somos todos responsáveis e também responsáveis pelo que deixamos de fazer”.

O contexto atual mostra que a violência no mundo adulto tem aguçado a situação de risco de crianças e jovens, além de reproduzir os valores desumanos. Uma das propostas de combate e prevenção é investir nas relações interpessoais, na educação e na pessoa do professor enquanto educador como uma forma de apoiar o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes. Embora os fatores externos exerçam impacto e influência sobre a violência escolar, é preciso reconhecer que dentro da própria escola existem possibilidades de lidar com as diferentes modalidades de violência e de construir culturas alternativas pela paz, adotando estratégias e capital próprios.

Lembranças da escola #21 – por Jeff Dantas

Pesquisa patrocinada pela Representação da UNESCO no Brasil, desenvolvida ano passado nas áreas urbanas das capitais dos Estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo e em Brasília (DF) faz recomendações nas esferas do lazer para abrir os portões das escolas em finais de semana; à interação entre escola, família e comunidades; cuidar do estado físico e da limpeza dos estabelecimentos e valorizar os jovens, respeitando sua autonomia, entre outras.

O UNICEF entende que a questão da violência nas escolas deve ser tratada sob a perspectiva da garantia de direitos e da qualidade da educação para evitar a evasão escolar. A violência é um problema que abrange todas as esferas sociais e a escola é uma instituição onde coexistem várias formas de interação e também de agressões.

Quando essas práticas são analisadas no contexto, pode-se perceber como forma de mensagens, algo que ao invés de ser falado pelos atores envolvidos é mostrado em forma de atos, ganha os holofotes da mídia, gerando os impactos em nossa sociedade. Assim sendo, percebe-se que a violência é inerente à sociedade, pertence a sociedade, e cabe, portanto, a promoção do diálogo e da responsabilização mútua como alternativa para mudar esta realidade, fazendo com que a escola volte a ser um local dedicado à educação e à socialização da criança e do adolescente, livre de cenários de agressão, autoritarismo e desrespeito mútuo.

Como alternativa para reverter uma cultura que está se sedimentando nos meios escolares brasileiros seria a adoção de alternativas que capitalizaram benefícios múltiplos à Coréia, Finlândia, China e Japão. Nesses países, o governo não economizou dinheiro e investiu pesado na Educação Básica e no Ensino Profissionalizante, além de pagar bem os professores dos ensinos primários, foram medidas acertadas que fizeram da educação oriental o melhor modelo para o mundo. A eficácia dos sistemas educacionais dos países asiáticos impressionou o presidente dos Estados Unidos Barack Obama, ao ponto de pedir que os EUA sigam o exemplo das crianças sul-coreanas, que passam, em média, pelo menos um mês a mais nas escolas anualmente do que os alunos americanos.

A metodologia de ensino dos países asiáticos impõe técnicas traçadas e planejadas para atingir um único objetivo: ter os melhores estudantes do Planeta. Como exemplo, os alunos sul-coreanos estão entre os melhores do mundo em Matemática, Ciência e Leitura, de acordo com os resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Conforme dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), 97% dos estudantes completam o ensino médio, considerado o mais alto percentual entre todos os países pesquisados.

A educação chinesa, também no topo da avaliação do PISA, é excessivamente rígida, impõe ação pedagógica enérgica, memorização e preparação para exames. O caminho para o sucesso começa muito cedo, com disciplina rígida, muitas horas de estudo e cobrança por resultados excelentes todos os dias. As artes marciais, como disciplina obrigatória em, praticamente, todas as escolas dos países orientais, têm contribuído sobremaneira no combate às emoções nada salutares de crianças e jovens (agressividade, afetividade, frustração, mágoa, ciúme, angústia, etc.). Como resultado, a disciplina e harmonia no dia-a-dia dos educandos e a redução dos diferentes tipos de manifestação de violência dentro do ambiente escolar e da sociedade nas diferentes áreas de atuação dos alunos.

Enfim, que ferramenta educacional aplicada nos países asiáticos o Brasil poderia adotar para minimizar a agressividade no ambiente escolar e melhorar a qualidade do ensino? Pelo menos, como sugestão, a prática das verdadeiras artes marciais (Karatê-Do, Kung Fu, Taekwondo, Tai Chi Chuan, Aikido, Judô) é fundamental na vida escolar e na formação do caráter das crianças e dos adolescentes.

(*) Garcia Neto é: É professor e jornalista.

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