

A música erudita atravessa as paredes dos teatros e foge da atmosfera silenciosa dos concertos. Prova disso é o trabalho do músico paulistano Victor Camilo, de 25 anos, que faz do Largo São Sebastião o seu palco. Há um ano, ele chegou à capital amazonense com o sonho de viver uma história de amor e conhecer o Teatro Amazonas.
“Aqui é um local maravilhoso. Eu sinto amor em fazer o que eu gosto e mostrar para as pessoas o quanto a música clássica tem que ser presente na vida de cada um”. O jovem músico afirma que o estilo continua vivo, sendo capaz de dar um novo sentido à vida urbana. “A música clássica não morreu e meu trabalho mostra o quanto essa arte é importante. Tem gente que fala: ‘Meu amigo, tu transformas esta praça!’ e eu acho que o Largo e outros locais públicos merecem carinho”, disse Victor, em entrevista ao Portal Amazônia.
A tradicional visão de que apenas as classes mais abastadas apreciam música clássica é desmistificada por Victor. O violinista acredita que o público das ruas se identifica com o seu trabalho. “Já toquei em outros locais [sofisticados] e percebi que a plateia não está acostumada com esse tipo de arte e aí eu falei: deixa eu voltar para o meu lugar [Largo São Sebastião]” . O artista transita do pop ao erudito, com variação do repertório. “Eu puxo para o clássico, porque tem mais a ver com o Teatro”, completa.
Victor é autodidata, pois aprendeu a tocar violino sozinho. “Eu nunca estudei música, mas desde pequeno gosto do estilo clássico, meu pai era trompetista no exército e ele me incentivou a estudar, aprendi violino olhando as pessoas tocando na televisão”. Zeloso, o músico manuseia o instrumento como se fosse um bebê frágil, e diz. ” Eu ganhei de presente do meu irmão, que fez uma promessa caso passasse de ano na escola”.
A criatividade do artista já ganhou a admiração dos manauaras, ele diz sentir gratidão pelo carinho recebido. “As pessoas reconhecem o quanto meu trabalho não é fácil, é impactante chegar numa praça com um violino. É mais comum apresentações com violão”. O músico revelou que precisou de coragem para usar a rua como palco. “Eu tomei uma decisão, crie coragem e pensei: o que vale é a experiência. Deu certo. E hoje faço isso com gratidão e com amor”. Para se apresentar no Largo São Sebastião, Victor precisou de uma autorização da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), pois existem restrições para artistas que queiram expor seus trabalhos.(PACult)