
O contraste entre o Wilson Lima de ontem e o de hoje é notável, e não é exagero afirmar que o Wilson do passado, um jornalista carismático e eloquente, talvez não reconhecesse o homem que agora ocupa o cargo de governador do Amazonas.
Na época em que comandava programa de televisão, Wilson era a voz do povo, denunciando problemas, expondo abusos e dando esperança às comunidades. Seu tom incisivo e apaixonado fazia com que ele fosse visto como um defensor dos menos favorecidos, um comunicador que entendia as dores da população e não hesitava em desafiar aqueles que detinham o poder. Seu carisma e habilidade diante das câmeras criaram uma imagem de íntegro e confiável.
Porém, ao se tornar governador, esse mesmo Wilson parece ter sido engolido pelas estruturas que outrora criticava. Hoje, ele enfrenta severas críticas por sua gestão, marcada por falhas em áreas cruciais como saúde, educação e segurança. O caos administrativo que caracteriza sua governança é um reflexo de promessas não cumpridas e de uma desconexão com as demandas da população que um dia ele representou tão bem.
O Wilson Lima de hoje é frequentemente criticado por priorizar seus próprios interesses e deixar de lado a humildade que outrora lhe era atribuída. Sua incapacidade de circular em determinadas áreas de Manaus ou no interior do estado sem enfrentar protestos é um reflexo direto do descontentamento popular. A imagem de defensor do povo foi substituída
pela de um político distante e insensível, que, segundo muitos, sucumbiu ao sistema que ele mesmo criticava em seus dias de televisão.
Na tela da TV, Wilson era implacável com aqueles que, na sua visão, exploravam os mais pobres ou negligenciavam suas responsabilidades. Sua postura crítica e seu discurso emotivo o tornaram um ídolo para muitos.
No entanto, o homem que um dia inspirou esperança agora é visto por muitos como um dos principais responsáveis pelo sofrimento do povo amazonense.
Faltando menos de dois anos para o término de seu mandato, a expectativa de parte da população é de que essa fase chegue ao fim. O “Wilson jornalista”, que um dia apontou o dedo para políticos que desapontavam o povo, poderia hoje ser sua própria matéria principal: um exemplo do que ocorre quando o poder corrompe a essência e distancia um líder de seus princípios.
Que lições podem ser tiradas dessa transição? Para muitos, a maior reflexão é que o carisma e a habilidade de discurso não são suficientes para garantir uma boa liderança. Governar exige mais do que palavras, exige ações que priorizem o bem comum e um compromisso genuíno com a melhoria da vida das pessoas.
O Wilson Lima do passado, se pudesse falar com o Wilson Lima de hoje, talvez dissesse: “Você traiu não apenas os outros, mas também a si mesmo”.