Yanomamis: Um reflexo do descaso com a política indigenista

Foto: Reprodução

Mais de 1.000 indígenas foram resgatados em estado grave, com sintomas de malária e desnutrição na última semana; ONU declarou ter alertado o governo em diversas ocasiões


A situação dos Yanomamis foi destaque em diversos jornais nos últimos dias, devido a imagens divulgadas na internet, que mostram crianças indígenas em estado de vulnerabilidade e, em muitos casos, com sintomas de desnutrição, malária e diarréia grave. A crise de saúde na Terra dos Yanomamis, em Boa Vista, Roraima, começou no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Após a repercussão, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou ter alertado “em inúmeras ocasiões” o governo brasileiro a respeito da situação.

Em um discurso realizado na última terça-feira, 24, o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, classificou como alarmante o cenário de saúde pública nas comunidades yanomamis, e apontou que mais de 1.000 indígenas foram resgatados em estado grave. O cenário de desnutrição, desgaste físico causado por graves infecções, principalmente em crianças,estão associadas diretamente à falta de alimentação e de água potável. Para ajudar esse grupo, o governo está trabalhando em conjunto com as forças armadas para a construção de um hospital de campanha na região. Além da força humana, alimentos, remédios e água potável estão sendo enviados pelas tropas assistenciais na região.

Profissionais da Força Nacional do SUS que já estão no local, se depararam com casos graves de saúde de pacientes que estão na Casai (Casa de Saúde Indígena), especialmente pneumonia, diarreia e insuficiência respiratória em crianças, potencializados por desnutrição. A Casai Yanomami, que deveria ser um espaço de acolhimento dos indígenas durante tratamentos médicos na cidade, virou um hospital improvisado e superlotado. O quadro de desassistência em saúde no território é agravado pela permanência de mais de 20 mil garimpeiros e invasores na área demarcada.

Para Fernando Silva, CEO da PWTech, startup de purificação de água contaminada presente em diversas ações humanitárias, como na Guerra da Ucrânia, nos desastres ambientais do Haiti e Madagascar na Ilha do Bororé, localizada em São Paulo, o garimpo ilegal invadiu as aldeias, deixando essa população à mercê.

“Em decorrência desta ocupação, algumas fontes de captação de água usadas por estes povos originários podem ter sido contaminadas, principalmente pelos garimpos que operavam ilegalmente e utilizam mercúrio como uma forma rápida para separar o ouro do cascalho. O problema é que esse metal pesado tem um custo altíssimo para o meio ambiente e para a saúde humana. Ele contamina as águas que bebemos e os peixes que comemos. No nosso corpo, o mercúrio pode afetar a coordenação motora, a visão e até mesmo a memória”, explica o especialista.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, disse que 120 das 378 comunidades do território estão em calamidade, com cerca de 14 mil indígenas que estão em situação mais grave, sofrendo diariamente pela falta de água limpa, com sintomas de malária e desnutrição. Como resposta ao descaso, o atual presidente Lula, exonerou 33 coordenadores da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e dispensou outros quatro servidores que ocupavam cargos de coordenação.

Sobre a PWTech

Fundada em 2019, a startup tem como proposta uma solução inovadora que possibilita levar água potável para as regiões mais remotas e carentes do mundo. Apesar de ser uma empresa nova, a PWTech já acumula importantes premiações. Entre elas: é a número um no 100 Startups to Watch (na área de água e saneamento), GovTech BrazilLAB, Inovativa, finalista do Amcham Arena, além de Prêmio Startup do 13º Fórum de Inovação e Tecnologia da Câmara de Comércio Internacional França-Brasil de São Paulo (CCIFB-SP); Prêmio de Startup Destaque – Saúde e Alimentação InovAtiva e o 4º lugar entre as Startups TOP 10 FoodTechs do Open Startups.

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