ZFM, crise profunda (Por Belisário Arce)

Belisário Arce (AM)

É uma obviedade, mas vamos lá: a ZFM está sendo flagelada pela recessão econômica. Em 2015, o PIM fechou o ano com queda de 35% no faturamento (valores em US$) e mais de 20 mil demissões. Diante da crise profunda, seria alentador poder confiar na reação das lideranças políticas ou das instâncias técnico-administrativas competentes. Mas o que se vê é apenas inércia. Governo Federal, Governo do Estado, Suframa, além da sociedade em geral, estão todos paralisados, sem nenhum plano contingencial. Se não se esboçar alguma reação, aonde iremos parar? No caos?
No meio dessa tormenta, ainda sofremos o constrangimento de assistir, na semana passada, o patético episódio da (des)nomeação de um superintendente adjunto da Autarquia. Para quem não acompanhou, relembro o ocorrido. Alguém de confiança da Superintendente Geral da Suframa foi nomeado para o cargo de Superintendente Adjunto de Administração. A nomeação foi publicada no DOU no dia 12 de janeiro. Mas, no dia seguinte, o ato foi cancelado. Surgiram rumores de que um petista assumiria o cargo. Na imprensa, a titular da Suframa ameaçou sair se isso se concretizasse. Foi a Brasília. Lá, ouviu uma desculpa estapafúrdia: disseram-lhe que a (des)nomeação foi por falta da aprovação prévia do Ministro Berzoini, da Pasta das Comunicações, a qual não tem nada a ver com a Suframa. É muita desfaçatez. É também um exemplo do modo desrespeitoso como Brasília trata a ZFM.


Não que eu defenda a referida nomeação. Pelo contrário, sempre sugeri que todos os cargos de direção da Suframa deveriam ser indicados pelo seu Conselho de Administração, o CAS, em lista tríplice, e refletindo o consenso da classe produtiva regional.

O que é grave mesmo é que essa politicagem descarada está destruindo a Suframa, o que a deixa sem as mínimas condições para defender o modelo ZFM de modo efetivo e dinâmico. Missão impossível para um órgão enfraquecido e desprestigiado.

Essa deterioração da Suframa não é de hoje, vem sendo urdida há alguns anos. Com efeito, a Autarquia vem tendo suas receitas contingenciadas desde 2002. Sem recursos para convênios, perdeu relevância política. Ademais, com a demissão de centenas de funcionários qualificados que lá trabalhavam por meio de contrato com a Fucapi, perdeu boa parte de sua capacidade técnica. Sem visão estratégica, a Suframa deixou seu banco de dados nas mãos do Serpro, um erro absurdo. Gradualmente, a Autarquia assistiu seu prestígio afundar no abismo. A Suframa é como a igarité do caboco incauto, que se deixou apanhar pela tempestade no meio da Baia do Boiuçu…

Bem, como escapar do redemoinho? Há muito o que fazer, cito algumas ideias consensuais. Primeiro, acabar com essa politicagem desavergonhada. Segundo, falar grosso com Brasília e não permitir mais que decisões que afetam as vidas de todos nós permaneçam sendo tomadas nos gabinetes da capital federal, às vezes, por funcionários de enésimo escalão. Além disso, é urgente e imperioso definir o papel da ZFM e inseri-la nas cadeias produtivas nacionais, levando em conta, inclusive, as potencialidades de base regional. Precisamos ainda conquistar novos mercados e incrementar as exportações. Isso, contudo, só será possível com o aumento da competitividade das empresas do PIM, o que demanda investimento sério em inovação tecnológica. Não se pode esquecer da infraestrutura capenga, um terrível óbice. Finalmente, todas as forças do Amazonas devem se unir para revitalizar a institucionalidade da Suframa, hoje, tão corroída.

É muito trabalho. É hora de acordar e por mãos à obra e lutar pelo soerguimento da ZFM antes que seja tarde demais.( Belisário Arce – presidente da PanAmazônia)

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