
A festa dos Santos Reis, conhecida no calendário religioso como a festa da Epifania, isto é, da manifestação de Cristo Jesus às nações, é uma das festas mais populares no Brasil. As tradições do povo das diversas regiões a revestiram de um colorido especial. A influência do elemento negro é fundamental no surgimento e conservação dos folguedos populares como a Folia de Reis, o Reisado, chamado também de Reinado, Congos, Congada, Danças de Congo, presente em quase todo o Brasil. A Folia de Reis, festa popular de origem portuguesa, ainda sobrevive em cidadezinhas brasileiras e, se inicia na véspera do Natal e vai até o dia 6 de janeiro.
Seu enredo lembra a viagem que os três reis magos fizeram a Belém para encontrar o Menino Jesus. Durante os 12 dias, o Alferes da Folia, chefe dos foliões, pode bater à sua porta a qualquer momento, de manhãzinha, seguido dos palhaços do Reisado e de seus instrumentos barulhentos, despertando quem estiver dormindo, pedindo permissão para entrar, tomar café e recolher dinheiro que é gasto em comes e bebes para todos. Oferece uma bandeira colorida, enfeitada com fitas e santinhos, enquanto, do lado de fora, os palhaços dançam recitando versos e os foliões abrem alas com bandeira, dizendo: é abençoada e protege das más influências.

Conta a história que um anjo teria revelado aos três Reis Magos, que havia a relação entre a estrela-guia e o messias, chamado Jesus. Pouco sabemos sobre esses reis Magos; eram pequenos reis soberanos de tribos primitivas do Oriente, viviam como patriarcas, senhores de rebanhos. Não há consenso sobre o país exato de onde vieram. São Jerônimo (†420) e Santo Agostinho (†430) diziam que os Magos vieram da Caldéia. Há quem diga que Melquior, era rei da Pérsia, Baltazar, rei da Índia, e Gaspar, rei de um outro país árabe; deviam conhecer astronomia ou astrologia, e por isso eram chamados de magos (Mateus 2,7-11). Eles fazem reverência ao Menino-Deus em sinal de adoração e reconhecimento de que aquela criança é Deus-Conosco. “Nós vimos a sua estrela e viemos homenageá-lo” (Mateus 2,2).
Gaspar que dizer: “ele vai levado pelo amor”; Balthazar quer dizer: “sua vontade é rápida como a flecha e faz a vontade de Deus”; Melchior significa: “Ele penetra docilmente”. Os reis da Abissínia reivindicam a honra de serem descendentes dos reis Magos.
Os Reis Magos ouviram um anjo, em sonho, aconselhá-los a que retornassem a suas nações, de tal maneira que excluíssem Jerusalém e Jericó de suas rotas, caso contrário o Menino Jesus poderia ser morto pelo rei Herodes. Novamente, uma estrela os guiou; esse caminho pode ter sido pelo rio Jordão ou por Berseba, atualmente roteiro para Meca, no território de Moab e do mar Morto. Dizem que, depois do retorno, os Reis Magos foram batizados por São Tomás e trabalharam para a propagação da fé em Cristo.
Dar presentes era um costume oriental; assim, os Reis Magos ofereceram, ao recém-nascido Jesus, ouro, incenso e mirra. O incenso simbolizava a sua essência divina; o ouro, a sua realeza; a mirra, a sua essência humana. Ademais, esses presentes expressavam as idades do ser humano; a juventude e a fecundidade do trabalhador; a maturidade e a firmeza do guerreiro; a experiência e a sabedoria do sacerdote.
No século IV, as Igrejas do Oriente celebravam, em 6 de janeiro, a festa do nascimento de Cristo e a Adoração dos Reis Magos; nas Igrejas do Ocidente, o nascimento era celebrado em 25 de dezembro. Posteriormente, ambas as Igrejas passaram a celebrar as duas datas: em 25 de dezembro, a Natividade, e em 6 de janeiro, o Dia dos Reis Magos ou o Dia dos Santos Reis.
Em muitos países e em algumas regiões do Brasil, onde é mais forte a influência europeia, há troca de presentes, lembrando dessa maneira os presentes que os três Reis Magos ofereceram a Jesus.(Raimunda Gil Schaeken. É professora aposentada, Tefeense, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas – ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas –ALCEAR).