Vergonha na Cara(Por Flávio Lauria)

Professor Flávio Lauria(AM)

No Brasil de hoje, vemos as discussões sobre os que são contra e os que são a favor da presidente. Quando se trata de discutir as questões políticas e sociais, diz-se tudo, menos a verdade. Ouvimos dizer, por parte de alguns, que o Brasil vai mal em decorrência de nossas heranças étnicas. Descendentes que somos do negro, do índio e do português degredado, não poderíamos ter outra coisa, senão o infortúnio.


Por sua vez, moralistas de ontem e de hoje repetem, até à exaustão, que vivemos com dificuldades porque faltam aos homens públicos vergonha na cara. Outros afirmam que nos falta um líder forte, de pulso, para colocar o País nos eixos. A amiga carola afirma que falta Deus nos Corações. O velho Partido Comunista Brasileiro, o PCbão, ensinou a várias gerações que nossas desditas sociais decorriam da natureza de nossa economia calcada num semi-feudalismo (que nunca existiu) e em nossa dependência ao imperialismo, mal congênito de nossa realidade. Diante desse diagnóstico, o PCbão receitava uma política nacional-reformista ou social-patriota.

Já outros, denunciam a falta de espírito cívico. Assim, vemos que não nos faltam discursos. Eles existem fartamente e são veiculados pelo rádio, TV, jornais, revistas e pelos pupilos das diversas igrejas e através dos papos das calçadas e botequins. Não bastasse a profusão de discursos, recentemente, um certo senhor dado ao hábito de citar autores estrangeiros com a clara intenção de explorar o preconceito cultural e inibir os incautos, saiu-se com essa pérola de cretinice política: “a nossa elite é inculta e insensível”, estando aí a razão de nossas desgraças sociais.

Não lembra ele que a culta e sensível “elite” italiana deu seu aval ao fascismo de Mussolini. Por sua vez, a cultíssima “elite” alemã patrocinou o nazismo de Hitler e a sensível elite belga massacrou os negros do Congo. Esses e outros fatos demonstram a tagarelice infundada de nossos inúmeros intelectuais desfibrados e incultos, pois não devemos confundir alguns dedos de erudição com cultura.

Do moralismo ao discurso capenga do PCbão, vemos, para nossa tristeza, que tudo se diz, menos a verdade. O sistema econômico e social vigente, o capitalismo, que produz as incontáveis mazelas sociais, se sustenta na mentira. Mas como se manteria de pé o capitalismo, não fosse a farsa, a fraude, o embuste, a fantasia? Como poderiam subsistir tantos absurdos não fosse o vigor da mentira tão bem cultivada? Ainda têm o desplante de dizer que a mentira tem pernas curtas. Ora, a mentira social tem milhares de anos e transita leve a fagueira, tanto nos campos quanto nos “campus”.

Quem tem pernas curtas é a verdade. Basta ela dar sinal de sua presença e contra ela se erguem as mais diversas forças, dentre as quais a tão propalada “sociedade civil organizada”. Não é fácil agitar as bandeiras da verdade. Ela não foi confortável para Galileu, Giordano, Espinosa, Darwin, Copérnico e muito menos, para Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Andrés Nine alguns outros guerreiros da verdade. Não tiveram esses bravos, no seu tempo, as loas e as benesses que tão bem desfrutavam e desfrutam a nata da mediocridade.(Flávio Lauria – Professor Universitário e Consultor de Empresas –  [email protected])

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