
BRASÍLIA – Em delação premiada, o diretor da JBS Ricardo Saud afirmou que o presidente Michel Temer pediu e recebeu R$ 15 milhões do grupo empresarial para distribuir entre aliados em 2014, ano de corrida eleitoral. Do montante, segundo Saud, R$ 1 milhão foi entregue, “conforme orientação direta e específica de Temer”, na empresa Argeplan, Arquitetura e Engenharia, em São Paulo, em 2 de setembro de 2014.
Saud disse, em depoimento, que Temer “atuou em diversas oportunidades em favor dos interesses das empresas do grupo”. E apontou como exemplo a construção de um terminal de cargas no Porto de Santos tocada pela Eldorado, controlada pela empresa. Saud disse que visitou Temer no anexo do Palácio do Planalto em 2014 e pediu ajuda para retirar o embargo do obra, o que ocorreu uma semana depois.
O delator narrou que avisou Temer pessoalmente, no Palácio do Jaburu, em 18 de agosto de 2014, que os R$ 15 milhões estavam disponíveis. Isso só foi possível, segundo Saud, porque o PT, na figura do ex-ministro Guido Mantega, liberou o repassse por meio do então vice-presidente, que havia sido alijado do esquema.

Após aval do PT, Saud contou que se encontrou diversas vezes com Temer entre agosto e outubro de 2014 para operacionalizar os repasses. O então vice-presidente determinou a divisão do dinheiro da seguinte maneira, segundo o empresário: R$ 2 milhões de caixa dois para Paulo Skaf, que concorria ao governo de São Paulo; R$ 9 milhões dissimulados em doações oficiais ao diretório nacional do PMDB; R$ 3 milhões para Eduardo Cunha, além do R$ 1 milhão entregue na empresa de arquitetura indicada de forma específica por Temer.
Fonte: EXTRA