
Em algumas cidades brasileiras a falta de vacinas tem preocupado a população. Em Goiânia, por exemplo, o problema foi com a Pentavalente, que protege contra coqueluche, difteria, hepatite B, tétano e meningite, e é aplicada aos dois meses de vida. No início do ano, o Rio de Janeiro enfrentou desabastecimento com a vacina que previne contra febre amarela. A médica e diretora da Clínica Vacinar, Amanda Alecrim, explica que a falta de vacina está relacionada a vários fatores, entre eles, a demora no processo de produção e a logística de distribuição para os estados brasileiros.
Segundo ela, nas clínicas privadas, entre as vacinas que mais têm apresentado problema de abastecimento estão a Meningocócica, que protege contra a meningite, a Pentavalente, que previne contra coqueluche, difteria, poliomelite, tétano e meningite e a Hexavalente, que imuniza contra todas essas doenças e mais a hepatite B. A justificativa dos laboratórios que produzem as vacinas, de acordo com ela, é o aumento das ocorrências de surtos e epidemias de doenças imunopreveníveis, além da falta de matéria-prima no mercado, principalmente nessas ocasiões em que cresce a demanda.

Amanda Alecrim ressalta que a produção de uma vacina pode levar de 6 a 29 meses. “Se houver aumento inesperado da demanda, os laboratórios, provavelmente, não estarão preparados para produzir além da capacidade prevista. Isso ocorreu, por exemplo, no início do ano, com a vacina contra a febre amarela. Houve uma grande corrida aos postos de saúde e clínicas privadas, porque as pessoas ficaram com medo de contrair a doença. O resultado desse movimento é que, em pouco tempo, a vacina acabou no mercado”, relatou.
No caso do Brasil, devido a grande extensão territorial, ainda há mais um agravante que contribui para o desabastecimento de determinadas vacinas, por um período: a logística de distribuição. Amanda Alecrim diz que os estados demoram mais de 90 dias para ter seus estoques renovados, na rede pública. Nas clínicas privadas, esse tempo é superior, porque todas as vacinas são compradas de laboratórios estrangeiros. “Temos, ainda, o problema de transporte. Com a falta de estradas, tudo chega por via aérea. O processo de aquisição de um produto como esse é bastante complexo, porque tudo precisa estar dentro dos padrões de qualidade, para que não haja nenhum problema.”, destacou.