

Em minha formação de dramaturgo, estudei a dramaturgia brasileira do século XX, especialmente o diálogo na obra de Nelson Rodrigues e Dias Gomes. Estudei-os comparativamente, na relação diálogo – palco – plateia.

Na maioria das obras de Nelson Rodrigues, mas, sobretudo em Vestido de Noiva, Anjo Negro, Boca de Ouro e O Beijo no Asfalto, predomina o diálogo entre os personagens, cara à cara, como se a plateia não existisse ou ali não estivesse.

Na dramaturgia de Dias Gomes, sobretudo em O Bem Amado e O Pagador de Promessas, o diálogo entre os atores pressupõe a existência da plateia. O diálogo é dirigido para ela, com os atores olhando para o público. Escrevi uma monografia de pós-graduação sobre este tema e o apliquei no meu cotidiano de dramaturgo.
Mas não serve para nada no país da futilidade, da fofoca e do culto à celebridade.

Uma editora virtual inglesa quer publicar esta monografia na terra de Shakespeare. E também meus contos… Mas no futuro… Will…Embora não muito longe!
No Brasil, serei um autor póstumo!
Como Poe, Kafka, Maiakovski… e tantos outros pelo mundo!
Lembro que na reforma da língua portuguesa, estreia, plateia e paranoico perderam o acento ortográfico!
O que posso fazer?
É a vida, comandante!
*José Ribamar Mitoso é Escritor é dramaturgo, professor da UFAM e cronista do Correio da Amazônia aos Domingos