
Os presidentes do Progressistas (PP), o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira, e do Republicanos (PRB), o deputado Marcos Pereira, foram juntos a uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro, antes que ele se auto-colocasse em férias de fim de ano, e deixaram claro que nenhuma das duas legendas se interessava na filiação do ministro da Defesa, o general da reserva Walter Braga Netto.
“PP e PRB estarão com o senhor, na tentativa de reeleição, em qualquer situação. Mas, se a escolha do vice sair de seu bolso do colete, não nos obrigue a filiar ninguém”, deixou claro um dos presidentes de partido no diálogo com o presidente da República.
O outro completou: “Se o Braga Netto for o vice, deixe ele se filiar ao partido do Waldemar (Costa Neto, PL). Nós apoiamos. Mas, não será natural trazê-lo para nossos partidos”.
Bolsonaro ouviu em silêncio, não gostou da conversa, reclamou com o filho Flávio Bolsonaro (senador pelo Rio de Janeiro) e pediu que ele procurasse uma saída com Nogueira e Pereira.
Desconfiado atávico, adepto de teorias conspiratórias, Jair Bolsonaro teme ser abandonado por “progressistas” e “republicanos” na undécima hora, antes do registro das chapas presidenciais.
Ele precisa do tempo de propaganda na TV e dos recursos do fundo de campanha eleitoral das duas siglas para somar aos do PL e formar um volume potencialmente razoável para fazer uma campanha nacional tendo o PT e seus aliados como adversários.
Flávio Bolsonaro ouviu dos presidentes do PP e do PRB que Braga Netto não será uma escolha inteligente nem estratégica, pois não soma nada à base bolsonarista. Além disso, pode impor um carimbo de “partido militar”, ou de parte dos “militares”, às duas legendas.
Ciente do desejo do ministro da Defesa, que não perde a chance de deixá-lo claro em reuniões ministeriais formais e informais, e também focada em se firmar na favorita do chefe para tomar a vaga do atual vice-presidente Hamilton Mourão, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, pastora evangélica, iniciou um processo de plantação de sementes no Palácio do Planalto.
Ela semeia, com a ajuda de aliados comuns dela e da primeira-dama Michelle, a ideia de que o PRB poderá assimilá-la como filiada caso ingresse na legenda controlada pela Igreja Universal do Reino e Deus a fim de se converter em candidata a vice-presidente de Bolsonaro.
“É claro que se Damares for candidata a vice e isso for levado ao PRB, a situação muda: o Marcos Pereira tenderá a aceitar essa filiação”, diz um interlocutor presidencial, que despacha dentro do Palácio do Planalto e conversou com o Brasil247.
Por Luís Costa Pinto, do 247
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