
O café, essa infusão marrom-escuro que há muito se tornou um companheiro inseparável para muitos de nós, pode, surpreendentemente, cruzar a linha entre uma indulgência inofensiva e um vício insidioso. O toxicologista Carsten Schleh, autor do provocativo livro “A Verdade sobre as Nossas Drogas”, não hesita em alertar sobre os perigos potenciais do consumo excessivo de cafeína.
O café, uma das drogas psicoativas mais consumidas globalmente, carrega consigo a cafeína, um alcaloide estimulante que desempenha um papel crucial em nos manter alertas e produtivos. Mas, como com muitas substâncias estimulantes, há um ponto em que o prazer se transforma em dependência.
Ao dar aquele primeiro gole de café, a cafeína logo encontra seu caminho para o cérebro, onde bloqueia os receptores de adenosina, uma substância que, por sua vez, regula neurotransmissores como dopamina e noradrenalina. Essa ação proporciona um aumento no estado de alerta e uma sensação de agilidade e produtividade, que muitos de nós associamos à nossa rotina diária de café.
No entanto, o consumo excessivo de café pode levar à formação de novos receptores de adenosina, criando uma demanda crescente por essa substância calmante. O resultado? Uma potencial dependência da cafeína, acompanhada por sintomas desagradáveis de abstinência, como dores de cabeça, irritabilidade e falta de concentração.
Embora o café possa trazer benefícios à saúde quando consumido com moderação, ultrapassar os limites recomendados pode levar a consequências negativas. A Autoridade Europeia para Segurança Alimentar (EFSA) sugere um máximo de 400 miligramas de cafeína por dia para adultos saudáveis, com gestantes limitadas a 200 miligramas diários.
A boa notícia é que, para a maioria das pessoas, reduzir o consumo de cafeína gradualmente pode ajudar a mitigar os sintomas de abstinência e evitar uma recaída. Como diz Schleh, “a dose faz o veneno”, e com o café, como com tantas coisas na vida, o equilíbrio é fundamental.
Fonte: G1