
Proximidade das estações favoráveis ao crescimento de infecções respiratórias acende alerta para proteção de idosos e bebês
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) segue em alta no Brasil, especialmente entre crianças pequenas, segundo o último Boletim Info Gripe, divulgado pela Fiocruz. O aumento está ligado à circulação do vírus sincicial respiratório (VSR), que já tem presença significativa em quase todas as regiões do país.
Entre os casos com agente causador identificado registrados nas últimas quatro semanas, 50,4% foram provocados pelo VSR. Os dados são referentes à Semana Epidemiológica 14, que abrange o período de 30 de março a 5 de abril. Esse aumento reforça a importância da vacinação para grupos elegíveis e de medidas preventivas, alertam especialistas.
Segundo a médica infectologista pediátrica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Sylvia Freire, o VSR é um dos principais agentes de infecções respiratórias e representa um risco significativo para grupos vulneráveis. Nos bebês, é uma das maiores causas de internações por infecções respiratórias. “Bebês nos primeiros meses de vida são mais suscetíveis a doença grave do trato respiratório inferior pelo VSR, que pode levar à hospitalização e, em casos extremos, ao óbito”, explica a especialista. “Em idosos a infecção pelo VSR também pode causar quadros graves e piorar ou descompensar condições crônicas de saúde”.
Os sintomas iniciais incluem coriza, tosse leve e, eventualmente, febre. Em casos mais graves, pode ocorrer evolução para dificuldade respiratória. “Embora jovens e adultos com menos de 60 anos geralmente apresentem sintomas leves, é essencial que adotem medidas de proteção para evitar a propagação do vírus, especialmente para proteger os grupos mais vulneráveis”, enfatiza a médica.
Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacinação está recomendada para idosos a partir de 70 anos, mesmo sem quaisquer comorbidades. Além disso, idosos de 60 a 69 anos que tenham comorbidades de risco para doença grave pelo VSR também devem ser vacinados (cardiopatas, pneumopatas, portadores de diabetes, obesidade, nefropatias, hepatopatias e imunossupressão, além de idosos acamados e residentes em instituições de longa permanência).
Já para as gestantes a recomendação da SBIm é a vacinação rotineira entre a 32ª e a 36 ª semana de gestação. Essa imunização é recomendada não só para oferecer proteção à gestante, mas principalmente para transferir anticorpos ao bebê durante a gestação e garantir proteção nos primeiros meses de vida, quando está mais suscetível a complicações respiratórias graves. A vacina disponível para gestantes está licenciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso a partir de 24 semanas até 36 semanas e sua aplicação pode ser indicada a partir da 24ª semana a critério do profissional assistente. A mesma vacina também está liberada para indivíduos entre 18 e 59 anos com alto risco de desenvolver a forma grave da infecção por VSR, conforme indicação médica, além das recomendações para idosos acima mencionadas.
A especialista reforça que, além de evitar complicações respiratórias graves, a imunização também reduz o impacto do vírus em pessoas com comorbidades como cardiopatias, pneumopatias e diabetes.
Transmitido principalmente por meio de secreções respiratórias, como gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar, o vírus também pode se espalhar pelo contato com superfícies contaminadas, o que torna fundamental a adoção de medidas de higiene.
“Lavar as mãos regularmente, cobrir a boca ao tossir ou espirrar e higienizar superfícies tocadas com frequência ajudam a reduzir o risco de contágio. Evitar aglomerações e o contato próximo com pessoas doentes também são cuidados importantes”, ressalta Sylvia Freire.