
Com vistas na pesquisa que aponta a alta no número de evangélicos no Brasil, o Partido dos Trabalhadores lança o curso para atrair essa parcela da população religiosa
Recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o número de evangélicos no Brasil aumentou.
Agora, de acordo com o Censo, os evangélicos representam 27% da população, sendo que eram 6,6% em 1980, ano de fundação do Partido dos Trabalhadores, que agora vê com bons olhos a aproximação com essa vertente religiosa.
Curso de Fé e democracia
Para atrair esse expressivo grupo religioso, a legenda lançou o curso “Fé e Democracia para a Militância Evangélica Brasileira”. O curso começou na semana passada com 775 inscritos e uma fala que sintetiza o espírito da proposta: “A Bíblia é o livro da classe trabalhadora”.
Quem a disse foi a teóloga Angelica Tostes, uma das convidadas para o primeiro de oito encontros virtuais previstos. “Quantos de nós, indo para os nossos trabalhos, pegando o metrô, pegando o ônibus, a gente vê irmãos e irmãs de fé com a Bíblia, seja no celular, seja ela [na versão] física”.
Filha de ex-católicos convertidos ao evangelicalismo, Tostes consegue entender por que essa religião inchou tanto sua base no Brasil.
O presidente da fundação que organizou o programa, Paulo Okamotto, falou à turma em “certa urgência” para “fazer essa reflexão”. No período eleitoral de 2024, o PT lançou uma cartilha para orientar candidatos e militantes no trato com evangélicos.
Um vídeo institucional exibido para o grupo -e que a fundação prefere ainda não tornar público- ensaiou uma linguagem afinada com um valor caro ao cristianismo de modo geral. “Toda família deste país merece ter moradia digna, alimentação, trabalho e renda. A família é onde encontramos a fraternidade e a solidariedade em momentos de dificuldade. O cristão verdadeiro, ele é o primeiro a defender a família”.
O pastor Ariovaldo Ramos, coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito e referência progressista no meio, buscou aproximar o programa do PT da matriz cristã. “Os princípios do reino”, diz, demandam “um governo que trabalha em prol do futuro do trabalhador”.
Está na Bíblia
“A gente vê, por exemplo, lá em Atos [livro do Novo Testamento], que a igreja criou uma seguridade social para a viúva. E, como disse o apóstolo Paulo, quem colheu demais não tem sobrando, para que quem colheu de menos não sinta falta. A lógica cristã é uma justiça que trabalha a partir da igualdade.”