
Realizou-se no Auditório do Bosque da Ciência do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), segunda e terça-feira (27 e 28), o I Simpósio do Programa ProAmazônia promovido pelo Comando Militar da Amazônia (CMA) como parte da programação de aniversário de 61 anos de instalação do Instituto, comemorado no dia 27 de julho. Segundo a Assessoria de Comunicações do Inpa, o CMA, duranteo evento apresentou as bases do Programa enfatizando a estratégia de sua divulgação no meio científico e o e como o ProAmazônia será estudado pelas 26 instituições parceiras. O objetivo maior é definir como irá avançar na construção de um ambiente favorável e na atração de fomento para o desenvolvimento da pesquisa científica na Amazônia Legal. O Inpa, por seu turno, demonstrou na ocasião o potencial de interação entre a estrutura científica do Instituto e a logística operacional do Exército tendo em vista a consecução dos objetivos traçados.
Segundo o general Theophilo Gaspar de Oliveira , comandante Militar da Amazônia, “temos que integrar as pesquisas e transformar esse conhecimento em recursos para o nosso país”. Por meio do ProAmazônia o Exército oferecerá as bases dos Pelotões de Fronteiras à disposição da comunidade científica para a realização de pesquisas. São 150 quilômetros de fronteiras entre os estados de Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia que se transformarão em bases excepcionais para fins de produção de conhecimento científico. O programa vem sendo elaborado desde janeiro deste ano e já foi apresentado em diversas universidades e instituições de pesquisas no Brasil, inclusive durante o último SBPC, levado a cabo de 12 a 18 de julho, em S. Carlos, SP. Coerente com a grandeza geopolítica e a complexidade da biodiversidade amazônica, Gaspar de Oliveira afirmou, durante a abertura do Simpósio, tratar-se o ProAmazônia de um programa permanente, comprometido com resultados objetivos, sem fim definido para ser concluído.
Informes do CMA dão conta de que “o Exércio possui vários outros programas com atuação nos Pelotões de Fronteiras: o Amazônia Protegida, que investe recursos especificamente do Exército para os Pelotões de Fronteiras na parte de infraestrutura; o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (Sisfron), um sistema de vigilância na faixa de fronteira; o Amazônia Conectada, recentemente criado e que leva comunicação para as fronteiras via cabo subfluvial de fibra óptica; e o Proteger, um sistema de proteção das instalações estratégicas do país. Ainda de acordo com o general Theophilo, o ProAmazônia é o único deste conjunto de programas do Exército que trabalha com conhecimento, exatamente visando identificar cientificamente o potencial da biodiversidade e da geodiversidade encerrado pela floresta. Quanto aos recursos a serem investidos, o comandante do CMA informou que serão definidos de acordo com cada projeto e seus objetivos de pesquisa.
Na opinião do diretor do Inpa, Luiz Renato de França, a disponibilidade do apoio logístico do Exército para que os pesquisadores do Brasil possam realizar pesquisas nas fronteiras é fundamental e uma ideia grandiosa. “O Instituto abraçou essa iniciativa do Exército, porque é uma oportunidade imperdível de se fazer pesquisa nessas áreas e desenvolver a Amazônia e o Brasil”. Integrado ao Exército, um dos principais obstáculos, o deslocamento, sempre via fluvial, por barcos, nunca via terrestre por não haver estradas, está, segundo o pesquisador Efrem Ferrerira, pesquisador do Inpa na área de biologia aquática, automaticamente removido. Como a Universidade também estará presente, o ProAmazônia constitui sem dúvida excelente oportunidade para promover a definitiva integração e governabilidade do sistema de pesquisa da região.
Passo de gigante, porém absolutamente necessário e inadiável se queremos efetivamente promover e realizar pesquisas com vistas ao desenvolvimento sustentável da região. (Osiris Silva – economista, consultor e escritor)