A direita entra em pânico com as palavras de Lula – por Emir Sader

Lula vai dizer que seu governo diminuiu a desigualdade, a injustiça, que fez tudo isso em plena democracia, com todas as instituições funcionando perfeitamente - foto: blogdoprisco.com.br

Bem que o Lula advertiu que ele é uma ideia. Sabemos também que é uma ideia poderosa. Tanto assim que ele está fisicamente preso naquela cela em Curitiba, mas sua influência sobre o povo não pode ser encarcerada e cresce dia a dia.


Suas palavras são palavras que passam confiança, que projetam futuro, que falam da vida das pessoas e da situação do país, que expressam indignação com o que o país vive e com a armadilha jurídica que montaram contra ele.

Poucas horas antes da palavra e da imagem do Lula irem ao ar nos programas de radio e TV, os lacaios da direita, que se passam por juízes, entraram em pânico e, na calada da noite, decidiram contra a candidatura do Lula.

O Barroso, esse Felipe Melo do Judiciário, disse que desrespeitava os prazos a que a defesa do Lula tinha direito, pela urgência de atuar “em nome da democracia”, para impedir que Lula falasse em cadeia para todos os brasileiros.

Da mesma forma que Moro confessou que violou as normas democráticas para impedir a liberdade do Lula. Se consideram os donos da democracia, os que podem interpreta-la e agir, discricionariamente, contras as leis e a própria democracia.

Lula vai dizer que seu governo diminuiu a desigualdade, a injustiça, que fez tudo isso em plena democracia, com todas as instituições funcionando perfeitamente – foto: blogdoprisco.com.br

Fizeram de tudo para impedir que o povo ouça e veja o Lula. Aceitam tudo. Desde que uma presidenta reeleita pelo voto popular seja derrubada sem nenhum argumento jurídico válido. Desde que Temer, Aécio, Jucá, Moreira Franco, entre outros, sejam totalmente imunes às provas evidentes e permaneçam em liberdades, com todos os seus direitos respeitados.

Toleram que um juiz de primeira instância cometa todas as arbitrariedades e monte a maior armadilha jurídica contra o Lula, sem nenhuma prova. Toleram a judicialização da política, a implantação do lawfare, a perseguição política. Mas não toleram as palavras do Lula. Para evitar isso, fazem de tudo.

O que as palavras do Lula tem de tão perigosas que assustam a juízes, à mídia, à direita em geral? Antes de tudo, Lula representa o momento mais virtuoso da história brasileira, aquele em que todos se sentiram apoiados, cuidados, ninguém deixou de ser abandonado.

Um momento de integração social, em que todos se sentiam brasileiros, em que as diferenças sociais tinham diminuído. Lula fala disso, do orgulho de sermos brasileiros, algo insuportável por quem degrada o Brasil, não se sente brasileiro, destrói o patrimônio nacional, nutre sentimento de vingança contra o povo brasileiro. Para eles, as palavras do Lula são fatais.

Lula fala de justiça social, de inclusão social, contra a miséria, a fome, o abandono, contra os privilégios, as discriminações. Na “democracia” desses juízes não cabe isso, não cabem as palavras do Lula. Então tem que encontrar uma fórmula jurídica para impedir que o candidato favorito dos brasileiros fale aos brasileiros.

Impedir que Lula diga que ele saiu do governo com 80% de referências negativas na mídia, mas com 87% de apoio. Que diga que foi condenado num processo sem provas, baseados nas convicções de um juiz sem nenhuma isenção para julga-lo.

Pior: Lula vai dizer que seu governo diminuiu a desigualdade, a injustiça, que fez tudo isso em plena democracia, com todas as instituições funcionando perfeitamente. Que ele saiu do governo ao final do segundo mandato e elegeu e reelegeu sua sucessora.

As palavras de Lula são um veneno para quem nutre e alimenta a esperança de que um governo como o dele não volte a existir no Brasil. Lula falando para o povo o incita a lutar pelo retorno da democracia e de um governo do PT. Propõe um referendo revogatório para que o povo se pronuncie sobre o pacote de medidas que o governo mais impopular da história do Brasil colocou em prática.

Vai dizer que o Brasil precisa de uma Assembleia Constituinte para redefinir as funções dos poderes da república. Vai dizer que é indispensável a democratização dos meios de comunicação, sem o que não haverá democracia no Brasil.

São palavras corrosivas para quem pratica a judicialização da política, para quem quer tirar o direito soberano do povo de eleger seus governantes. Em suma, vai defender a democracia e o Brasil, os interesses do povo, os valores da solidariedade, vai se propor a recuperar o prestigio do Brasil no mundo.

Insuportável para quem defende exatamente o contrário. Lula deve ser impedido de dizer o que o povo quer ouvir. Para isso vale retorcer as leis, buscar decisões que o impeçam de falar. O pânico da direita tem que ser defendido por juízes que são pagos regiamente com dinheiro público para impedir que Lua fale para o povo brasileiro.

*Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros e Colunista do 247

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