“Afastamento de André Vargas demonstra zelo pela Casa e pelo partido”, diz líder do PT

Petista é investigado por suposta ligação com doleiro preso

Leonardo Prado/19.abr.2012/Agência Câmara

O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), afirmou nesta segunda-feira (7) que o partido respeita o posicionamento do vice-presidente da Casa, deputado André Vargas (PT-PR), de se afastar do mandato.


De acordo com Vicentinho, Vargas ainda não se explicou à bancada e tomou sozinho a decisão de pedir licença de 60 dias do cargo. Para o líder, essa é uma atitude que demonstra respeito à Câmara e ao PT.

— Defendo que a verdade venha à tona. Nosso partido está satisfeito com a atitude que ele tomou e com a expectativa de que ele se defenda. O afastamento dele demonstra zelo pela Casa e zelo pela nossa bancada.

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O líder do PT disse ainda que o partido respeita o silêncio do deputado e acredita que ele pediu o afastamento para ter tempo de preparar sua defesa. Sobre a possibilidade de uma possível renúncia, Vicentinho disse que seria “precipitado” comentar o assunto.

Quebra de decoro

Mesmo após o afastamento de André Vargas, os partidos de oposição apresentaram uma representação contra o deputado, pedindo que o Conselho de Ética da Câmara investigue a conduta do parlamentar.

O líder do DEM na Casa, deputado Mendonça Filho (PE), avalia as denúncias como graves e acredita que, se ficar provado o envolvimento de Vargas com o doleiro Alberto Youssef, o deputado deve perder o mandato.

— Se ficar comprovada a atitude de um parlamentar advogando em favor de atos ilícitos, evidentemente que essa Casa não tem outro caminho que não seja o caminho da cassação. Nós [DEM] já vivemos isso internamente dentro do nosso partido e tomamos as atitudes que foram necessárias.

O líder compara as denúncias envolvendo Vargas ao caso que levou à cassação de Demóstenes Torres. O senador cassado foi acusado de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, depois das investigações da Operação Monte Carlo, conduzida pela Polícia Federal em 2012.

Após pressões internas do partido, Demóstenes pediu a desfiliação do DEM. Quatro meses depois das denúncias, ele foi cassado pelo plenário do Senado.​

Denúncias

Vargas é acusado de atuar junto com o doleiro Youssef para conseguir contratos com o Ministério da Saúde. Em uma das mensagens trocadas entre os dois, divulgadas no último final de semana pela revista Veja, o doleiro afirma a Vargas que o negócio poderá render aos dois a “independência financeira”.

Yousseff também pagou um jatinho para Vargas realizar uma viagem com sua família de Londrina (PR) para João Pessoa (PB).

O deputado admite que é amigo de longa data de Youssef, mas afirma não saber que ele era investigado e nega qualquer tipo de envolvimento nas negociações do doleiro.

Youssef é acusado de estar envolvido em um esquema que lavou cerca de R$ 10 bilhões. Ele foi preso em março deste ano, durante a Operação Lava-Jato da Polícia Federal.

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