
A 29ª conferência do clima das Nações Unidas (COP29), começou nesta segunda-feira (11), em Baku, na capital do Azerbaijão. Ela é decisiva para as discussões ambientais globais, e é impossível não refletir sobre a oportunidade que o Amazonas teve em liderar o encontro se houvesse adotado as ferramentas de desenvolvimento sustentável necessárias.
A opinião é do ex-governador do Amazonas, José Melo, que durante seu governo adotou a ‘Matriz Econômica Ambiental’ acreditando que o Estado poderia e deveria, equilibrar progresso econômico com a preservação da floresta, assim como, liderar as discussões ambientais no planeta Terra.
Contudo, isso não aconteceu pela ausência de planos que diversificassem a economia do Estado, com capacidade de reduzir a dependência do Polo Industrial de Manaus para uma atividade que valorizasse as riquezas naturais de maneira responsável, e em harmonia com a Zona Franca de Manaus (ZFM).
De acordo com o ex-governador, o resultado seria mais qualidade de vida para quem mora em Manaus e, mais do que isso, aos mais de 490 mil indígenas que habitam o Amazonas. Muitos deles em locais com bilhões de dólares no subsolo, mas vivendo em extrema pobreza, como os indígenas de São Gabriel da Cachoeira.
COP do Azerbaijão
José Melo diz acreditar que o Amazonas poderia ser um “case” de sucesso na COP do Azerbaijão, que acontece nesta semana, mas faltou preparação para isso. No caso, o Amazonas mostraria ao mundo um modelo de desenvolvimento sustentável. “A Matriz Econômica Ambiental viria conciliar a conservação da floresta com o crescimento econômico sólido e diversificado”, disse.
Importância
De acordo com o professor José Melo, a dependência do Polo Industrial de Manaus traz riscos. Com a Matriz Econômica Ambiental, ao lado do PIM, o Amazonas pode fortalecer setores como a fruticultura, a piscicultura, o turismo ecológico e até a mineração sustentável – atividades que gerariam empregos, renda e dignidade para os amazonenses, sem prejudicar o meio ambiente e ao mesmo tempo fortalecendo o Polo Industrial de Manaus.
“Impulsionado esses setores seria possível gerar mais oportunidade aos produtores locais”, acrescenta ele.
Desenvolvimento Sustentável
A proposta da Matriz Econômica Ambiental é, acima de tudo, a construção de uma economia que respeita a floresta e suas comunidades.
Crescer em harmonia com a floresta é saber que os recursos naturais são finitos e que a destruição da floresta compromete a própria vida de quem vive nela.
Ao criar a plataforma, Melo imaginou que o turismo ecológico, por exemplo, pudesse transformar o Amazonas em um dos principais destinos globais para o ecoturismo, atraindo pessoas de todo o para conhecer a biodiversidade da floresta amazônica.
Este setor poderia ser uma fonte de recursos considerável, valorizando a floresta em pé e criando oportunidades para as comunidades locais, que atuam como guias, empreendedores e conservadores do bioma Amazônico.
Sequestro de carbono
A remuneração justa pelo potencial que a floresta no sequestro de carbono (algo em torno de 55 bilhões de dólares/ano) também estava na Matriz. A ideia é a implantação de técnicas modernas e responsáveis de exploração, trazendo desenvolvimento sem degradação.
O uso sustentável dos recursos minerais, quando bem planejado, poderia garantir um excelente retorno econômico ao estado, mas é necessário sempre ter o respeito pelas comunidades e o meio ambiente.
O Amazonas pode mostrar ao mundo que é possível minerar com responsabilidade e sustentabilidade. Pode ser pioneiro nesta questão. “O Estado é o guardião da maior floresta tropical do planeta, portanto não deve apenas participar das discussões globais sobre o meio ambiente, mas liderar os encontros e decisões”, afirma José Melo.
Um Chamado para o Futuro
A Matriz Econômica Ambiental foi criada como uma visão de futuro para o Amazonas, uma
estratégia que equilibrasse o crescimento econômico com a responsabilidade ambiental.
Olhando para o cenário atual. O Amazonas precisa de um modelo econômico resiliente, que aproveite de maneira consciente as suas riquezas naturais, gerando emprego e renda para todos os amazonenses.
“Que a COP do Azerbaijão inspire nossas lideranças a retornar essa visão de sustentabilidade”, finaliza.
Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas
As Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas são eventos anuais realizados no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Eles servem como reunião formal dos integrantes da UNFCCC para avaliar o progresso no enfrentamento das mudanças climáticas.