
Os militares decidiram ir para o ataque em conjunto nas redes sociais contra o que chamam de “show” do presidente Jair Bolsnonaro. Sem nominá-lo, os generais Santos Cruz e Paulo Chagas classificam Bolsonaro de “arrogante e “fanfarrão”.
“Cansado de Show”, diz Santos Cruz. Segundo ele, “o Brasil não é um país de maricas. É tolerante demais com a desigualdade social, a corrupção, os privilégios”. Para ele, a população “votou por equilíbrio e união. Precisa, portanto, “de seriedade e não de show, espetáculo, embuste, fanfarronice e desrespeito”.

Paulo Chagas, por sua vez, afirma que há muito deixou “de dar atenção a pronunciamentos de fanfarrões, às suas ameaças absurdas e à exposição do seu despreparo e falta de maturidade”. No entender do general, “cabe-nos convidá-los a deixar a retórica dos discursos sem lógica e vir para o octógono da realidade provar o escopo da sua arrogância”.
As mensagens dos dois generais foram disparadas com diferença de pouco mais de meia hora cada uma. A ação orquestrada veio depois de um acerto entre militares descontentes com o presidente, que ameaçou demitir o autor da proposta de expropriar propriedades rurais e urbanas daqueles que tenham cometido crimes ambientais.
A proposta está sendo discutida no âmbito do Conselho da Amazônia, que é comandado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão. Bolsonaro disse a pessoa do governo que defende isso só não seria demitida se “fosse indemissível”. Mourão tem mandato.
Nos últimos tempos, o descontentamento dos militares com os surtos de Bolsonaro tem aumentado muito. A fim de montarem uma estratégia para conter os arroubo presidenciais, os fardados têm se aconselhado com o general Villas Bôas.
Vicente Nunes
Repórter há 33 anos. Não dispensa a boa informação. Está no Correio Braziliense desde 2000. Tem passagens pelo Jornal do Comércio, O Globo, Jornal do Brasil, Estado de S. Paulo e Gazeta Mercantil. Tem três prêmios Esso de Jornalismo Econômico (2009/ 2014/ 2015).
General Otávio do Rêgo
Um dos militares mais críticos ao presidente Jair Bolsonaro, o general Otávio do Rêgo Barros afirma, em artigo ao Correio Brasiliense, que um governante não pode se fiar em um grupo específico para se sustentar no poder.
“Se você não governa para todos, não governa para ninguém”. Bolsonaro aposta que a mesma divisão do país que lhe garantiu a eleição lhe dará mais quatro anos de mandato.