As vantagens de ser um congressista no Brasil – por Garcia Neto

Diante de tanta impunidade neste país, a paciência do povo brasileiro com os políticos já passou dos limites. Nada justifica tanta corrupção, tanta patifaria, desse grupo que está no poder há pelo menos 14 anos e que dá mostras que querem se eternizar no comando da Nação. Os resultados das articulações políticas em Brasília refletem-se em todo país.


Imaginemos um deputado federal com uma renda anual que ultrapassa a R$1,5 milhão, e um senador ganhando bem próximo dos R$ 2 milhões. Se se considerar somente a vantagem salarial dos políticos daria pra engolir, mas, ao incorporar as demais vantagens e os privilégios do cargo, aí já deixa o povo inquieto, inconformado com tanta falta de decoro ou tanta indecência.

 

Políticos são criaturas caras-de-pau, repugnantes, cínicos, que têm tratamento diferenciado, foro privilegiado. Quanto aos benefícios, um cotão inclui passagens aéreas, fretamento de avião ou caronas em aeronaves, alimentação, cota postal e telefônica, combustíveis e lubrificantes, consultorias, divulgação do mandato, aluguel, motorista particular e demais despesas de escritórios políticos, assinatura de publicações e serviços de TV e internet, contratação de serviços de segurança.

 

O telefone dos imóveis funcionais está fora do cotão: é de uso livre, sem franquia. E tem mais: auxílio moradia; ressarcimento ilimitado de despesas médicas; verba de gabinete para até 25 funcionários; “roubo” de dinheiro público, conforme amplamente divulgado diariamente pela mídia.

 

Com 513 deputados federais e 81 senadores, o Brasil chega a gastar mais de dois bilhões por ano (sem incluir os valores desviados).

 

Se o investimento em educação e saúde fosse proporcional a esse montante, sem dúvidas o Brasil teria a melhor educação do mundo e um serviço de saúde mais eficaz.

 

No momento nossos representantes estão trabalhando direto, sem descanso. Estão votando as novas medidas para o ajuste fiscal, destinadas a conter a inflação e sanear as contas públicas; estão resolvendo uma situação embaraçosa: a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos; estão votando uma tal de reforma política de araque, de mentirinha, sem nenhuma novidade.

 

Nossos representantes no Congresso Nacional e nos Parlamentos estaduais falam o que querem, decidem o que bem querem, sempre contrariando o desejo do povo. Quando ofendem, discriminam, como o deputado Jair Bolsonaro, nada acontece, porque são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

 

Amparados pelo foro privilegiado, os congressistas têm seu julgamento submetido ao Supremo; só podem ser presos apenas em caso de flagrante delito, e só podem permanecer preso pelo voto da maioria de seus colegas. Esses são alguns dos vários privilégios de membros do Congresso Nacional brasileiro, que o deixam embevecidos, empavonados, corruptos, cegos, surdos, mudos, esquecem suas promessas de campanha, não escutam o clamor das ruas e nem cumprem com o dever constitucional de ser a voz e o fiscal do povo no Parlamento.

 

No entanto, o sentimento de insatisfação do povo vai mais além. Depois dessa maldita inflação, criminalidade e corrupção no meio político aparecem como os principais vilões ainda protegidos pelo manto sagrado da impunidade.

 

*Garcia Neto é professor e jornalista

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