Balbina, a hidrelétrica que não deu certo – por Rafael Medeiros

Rafael Medeiros fala do consequente extermínio dos indígenas Waimiri Atroari - foto: divulgação

Há poucos anos, Manaus era abastecido de energia termoelétricas que queimavam petróleo. O aumento dos preços do petróleo, a partir de 1973, levou o governo a optar pela construção de uma usina hidrelétrica capaz de suprir Manaus e substituir as termoelétricas.


O local escolhido para a nova usina, chamada Balbina, foi o Rio Uatumã, no meio da floresta amazônica. Desde o início desse projeto, muitos cientistas reclamaram, mostrando os erros, mas foram ignorados pelo governo.

Quando a usina entrou em funcionamento parcial, em 1988, até mesmo o governo reconheceu que ela é uma verdadeira tragédia.

Balbina é uma tragédia econômica, pois o custo da energia que ela produz é altíssimo. Acontece que o rio Uatumã é pequeno e tem pouca água, e por isso, a quantidade de energia consumiu muito dinheiro. Muito mais que continuar a usar as termoelétricas!

Balbina também é uma tragédia ecológica, pois destruiu uma área enorme de floresta, destruindo milhões de árvores. Acontece que o rio Uatumã está localizado em região de relevo quase plano, e, por isso, a represa criada pela barragem inundou um espaço exagerado. Não foi só a floresta que se perdeu, mas também muitas espécies animais que habitavam aquele meio ecológico.

Finalmente, Balbina é uma tragédia social que prejudicou os habitantes da região. Uma parte da sua enorme represa inundou terras de caça e moradia dos índios. Além disso, os peixes desapareceram do rio, no trecho abaixo da barragem, pois a decomposição dos vegetais afogados pela represa tornou a água ácida e poluída. Os habitantes das margens do rio, que usavam os peixes como fonte de alimentação, estão se mudando para outros lugares.

O exemplo de Balbina mostra que nem sempre uma usina hidrelétrica é uma boa opção. Talvez esse exemplo sirva, pelo menos, para convencer o governo a estudar com mais cuidados as consequências da construção de usinas nos rios da Amazônia.

E nem vou falar aqui, ainda; do extermínio dos #Waimiri Atroari.

Rafael Medeiros

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