Bem comum – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Em virtude da maleabilidade da arte usada em quaisquer segmentos, a primeira exigência para repormos a atividade política no patamar mais alto, onde ela sempre deveria estar, é que ela traduza, através de seus operadores, uma ação consciente e fundamental na vida de um povo como um todo, e não apenas de uma classe restrita – a elite econômica e financeira que infelizmente rege o País.


Em seguida, que se estabeleçam bases sólidas (ou pelo menos quase críveis) dessa atividade para que brotem objetivos planejamentos e diretrizes respeitadas. Entretanto, o que vemos constantemente nessas ações – ilações costumeiras transformadas em promessas vãs pelo imenso naco dos políticos brasileiros – são as influências burguesas como concepções próprias da vida, defeitos herdados dos erros do passado e o caráter duvidoso convenientemente emprenhado em grande parte no consciente de nossos homens públicos. Pois que tudo que se planeja é arranjado por acordos, idéias ou doutrinas, geralmente em benefício dos mesmos e seus áulicos. Por vezes, estendem um pouco das sobras do que deveria ser do bem comum para dividir com o pobre povo marginalizado que só acredita em Deus, nas aflições de fé e nos passeios contritos em filas comportadas das procissões de suas oportunas padroeiras.

Portanto, parece-me que o problema político exige uma reposição primordial, concordando em significativa parcela de entendimento com o mestre Alberto Tôrres, em suas bases ideológicas, contundentemente doutrinárias, para que as atitudes práticas não sejam simplesmente utilitárias, mas ditadas com consideração filosófica. O crucial problema, tanto político como de seus acessórios relevantes para com a governabilidade de um país, tais o econômico ou o pedagógico, só será resolvido quando seus seguidores práticos esbanjarem um mínimo de dignidade em seus atos pelos quais lutam ou postulam na vida em geral – sobretudo na pública.

O Estado deveria não só promover como reger a sociedade no caminho desse ilusório bem-comum. Essa alusão do Estado como regente da sociedade presta-se a um entendimento estatista, em contradição aos princípios da doutrina e prática da política. Lembramos que J. Gredt, em sua obra, onde põe suas teses sobre os elementos filosóficos aristotélico-tomistas, pelos idos de 1929, defendia a sociedade como “a união moral de muitos em busca do bem comum”. O Estado não pode mandar o povo fazer o que ele manda.

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Agora, o povo, leia-se sociedade consciente em todas as suas classes, sim! Pela manifestação eleitoral é que pode ditar suas necessidades, promovendo acentuada exigência na gerência do seu dinheiro arrecadado pelos governantes – o tesouro nacional e suas reservas patrimoniais. O Estado, pois, nada mais é do que delegado do povo e seus eleitos dirigentes e asseclas são funcionários pagos pelo povo. O poder de autoridade é fixado nos limites da Lei Eterna e da Lei Natural, seguindo o catecismo filosófico de Santo Tomás de Aquino. Aí surgiu, silencioso, um liberalismo soberano que deu força ao povo, embora combatido por intelectuais católicos, visivelmente inseridos como tema prioritário de má campanha insone de Jackson de Figueiredo, desde o tempo em que o liberalismo individualista tinha abafado os próprios germes do cristianismo de sua geração, na reação fascista contra o comunismo soviético, visto então como uma sadia afirmação do bom senso político.

A vontade geral foi desprezada, antes pelo getulismo, depois pelo militarismo, e hoje com o advento do neoliberalismo, argamassada de vez pelo petismo stalinista. Não caiu bem a nova ofensiva do presidente de criar um programa social com sua assinatura para substituir o Bolsa Família, uma forte marca das gestões petistas. Rebatizado de Renda Cidadã, o programa que o Governo tentará aprovar no Congresso nos próximos meses servirá como uma espécie de continuação do auxílio emergencial, dirigido aos mais afetados pela pandemia.

 

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