Volta da censura ou uma nova ditadura?
Em tempos de crise institucional, o clima de instabilidade pode levar a caminhos muito perigosos. Como vivemos em uma democracia recente, com elaboração de uma nova constituição de apenas 28 anos, os riscos de tudo o que levou, pelo menos 50 anos para ser construídos, são enormes.
Não bastasse o desgastante processo de impeachment, em curso no Congresso Nacional, já aprovado na Câmara e em semana decisiva no Senado, outros indícios de insegurança institucional estão sendo percebidos. Enquanto o processo de impeachment está sendo feito à toque de caixa, o processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já é o mais longo de toda a história da casa, e ainda está longe de ser concluído, devido a muitas manobras protelatórias de Cunha.
Na quinta-feira, Cunha já havia mandado demitir um examinador do Detran-RJ, por ter reprovado sua filha no exame para tirar a carteira de habilitação, em uma clara demonstração de arrogância, prepotência e revanchismo.
Enquanto na sexta-feira a presidente Dilma Roussef editou a MP 722, em que pedia crédito extra de R$ 100 milhões para publicidade da presidência, dois dias depois, em pleno domingo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em caráter liminar, suspendeu a MP.
E hoje, repetindo o que já aconteceu em 2015, a Justiça determinou o bloqueio do whatsapp por 72 horas, cumprindo determinação do Juiz Marcelo Montalvão, da comarca de Largato (SE), o mesmo que, em março, mandou prender o vice-presidente do Facebook.
Se são indícios da volta à censura ou de tempos sombrios para o país, é algo para o que a sociedade deve estar alerta, e absolutamente, alerta e atenta.