
As palavras ditas por Sergio Moro na coletiva de saída do Ministério da Justiça, e logo depois as palavras proferidas por Jair Bolsonaro, retrucando o que Sergio Moro havia dito e acrescentando que Moro havia negociado sua ida para o STF são motivo de investigação.
Escrita ou oralmente expressa, a palavra tem ampla e significativa importância, por isso de tal forma compromete e responsabiliza quem a profere que, muitas vezes, exige-se a confirmação para não restar a mínima dúvida acerca do que foi publicamente afirmado. O cidadão comum, a autoridade de qualquer natureza , todos respondem de alguma forma pelo que dizem, daí a exigível discrição, a continência da linguagem, especialmente em torno do que se deve expressar quando está em causa o interesse comum, e chega a ser uma forma de sabedoria dizer apenas o necessário, no momento certo.
Daqueles que por dever de ofício são quase obrigados a falar em público, muitos evitam o improviso, ou para não omitir fatos e nomes, ou para, medindo as palavras, não cometer excessos, enfim, para preservar a autoridade do cargo no qual estão investidos, imunizando-se a cobranças.

O noticiário através da televisão obriga a ouvir, ou o que não se quer, ou o que não se deve, sobretudo quando choca, a ponto de, tão estarrecedora a notícia, preferir-se aguardar o jornal do dia seguinte para uma necessária conferência, para a possível confirmação do que foi dito por determinada autoridade. O sr. presidente da República, a afirmar sem medo que ele é a Constituição, que ele é quem nomeia o Diretor da Policia Federal, que ele quer relatórios diários do que está acontecendo na Policia Federal. Está visto que esse destempero, partindo de quem está presidente, compromete e muito, porque, de qualquer ângulo que se queira enxergar, é o reconhecimento público de que o Senhor Presidente não quer ninguém que lhe faça sombra, ou que atue com estrito rigor, a Constituição não é felizmente o Presidente da República, visto que a Constituição é do Brasil e não do governante de plantão. Os brasileiros orgulham-se de ostentar uma Constituição Federal tão esperada e admirada, a ponto de ser adjetivada de Constituição Cidadã.
O Pronunciamento do Senhor Presidente foi uma lástima, falar em “escrotização”, colocar para o País inteiro a intimidade de mulheres que moram em seu condomínio no Rio ao dizer que seu filho já pegou metade delas? E que tem parentes que fazem falsificação de documentos? M as e o senhor Sergio Moro, que de herói não tem nada, basta lembrar que determinou a quebra de sigilo telefônico de algumas pessoas, que ainda estavam garantidas pela Constituição, Moro quis preservar seu capital político, pulou fora do barco não porque o Diretor da PF foi exonerado, mas para não se queimar, jogou as mensagens do Presidente no ventilador, não deixa de ser um traidor, e olhar sua biografia lá na frente como provável sucessor de Bolsonaro. Evidente que nenhum dos dois tem escrúpulos.
Nenhum dos dois respeita a Constituição. Nenhum dos dois tem qualquer pudor de violar normas e o Estado de Direito para satisfazer interesses políticos ou pessoais. São dois boquirrotos. É hora de exigirmos a verdade, se o ex ministro mentiu, que seja punido, em plena crise de uma pandemia que veio não como um vírus qualquer, e sim para talvez recuperar nossos valores básicos, e acabar com os boquirrotos, mentirosos e escroques. Sonhar ainda não é tributável.