
Nas mensagens de Sérgio Moro a Deltan Dalalgnol, o então magistrado auto-exonerado se dizia contra a delação de Cunha mesmo antes de conhecer o conteúdo delas.
A informação preliminar que se tinha era que o ex-presidente da Câmara estaria disposto a entregar um terço do Ministério Público estadual, 95% dos juízes do Tribunal da Justiça, 99% do Tribunal de Contas e 100% da Assembleia Legislativa.
O jornal Folha de S. Paulo e o site The Intercept Brasil desenterraram nesta quinta-feira (26) a delação do ex-presidente Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), que tira o sonho do ex-juiz Sérgio Moro (atual ministro da Justiça) e do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa Lava Jato.
A reportagem publicada hoje relata que teve acesso à proposta de delação de Cunha, não homologada, que cita 120 políticos brasileiros.
No documento, o ex-presidente da Câmara detalha o modus operandi do esquema de propinas e da participação da JBS no impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2016.
De acordo com a Vaza Jato, o empresário Joesley Batista queria emplacar –e emplacou– Henrique Meirelles como ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB), caso a petista caísse. Em troca, Cunha teria financiamentos ilimitados para seu projeto político.
Por que a não-delação de Cunha ainda atormenta Moro, Dallagnol e demais integrantes da força-tarefa?
Simples. O Intercept tem os arquivos das conversas cujos conteúdos, aos poucos, estão sendo tornados públicos. Uma pista do que vem por aí foi publicada em julho, pela revista Veja.
Na época, o veículo de comunicação mostrou um diálogo de Moro com Deltan acerca da delação de Cunha. O então juiz afirmou que esperava que não precedessem a notícia da delação. “Sou contra, como sabe”, disse o atual ministro da Justiça.
Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, sabe que Moro e Dallagnol fizeram no verão passado. É por isso que o espectro da delação de Eduardo Cunha tira o sono deles.