
A divisão tripartite das coisas é a forma mais fácil de setorizar uma história.
Começo, meio e fim. Introdução, desenvolvimento e conclusão. Tese, antítese e síntese. Pode ser a vida, uma redação ou um processo dialético.
Mas a ilação que pretendo fazer, diz respeito a um ciclo profissional que chegou ao fim. Não deixa de ser um ciclo da vida.
O tema me veio à lembrança por ocasião de uma singela, mas justa homenagem, do qual participei na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas.
Coube à Prof.ª Dr.ª Arminda Mourão o delicado gesto de promover uma cerimônia em reconhecimento aos serviços prestados pelo meu pai, Prof.º Aldo Gomes da Costa, à educação do Amazonas, no momento de sua aposentadoria.
Naquele instante, me reportei ao início de minha vida, quando meu pai assumia a relevante missão de coordenar os rumos da educação no então Território Federal de Roraima, nos idos de 1974.
Nasci em Manaus, mas me criei em Boa Vista/RR, em função do ofício de meu pai. Lá fiquei até os 4 anos de idade, vindo a Manaus quando ele foi guindado ao cargo de Secretário de Estado da Educação, Cultura e Desporto do Amazonas, em razão do bom trabalho desenvolvido em Roraima.
Mais uma vez, a vida profissional ditava os rumos da vida de minha família. É assim, na maioria dos casos.
Quando meu pai deixou a SEDUC/AM em 1982, percebi que nossa vida mudou. Os presentes, os cartões, os convites para cerimônias das mais variadas desapareceram. Àquela altura, não conseguia compreender o porque.
Foi o momento em que a UFAM, antiga UA, apareceu como sonho na vida de meu pai. Uma forma de rever conceitos e voltar ao mundo real, diante da cegueira que assola os ocupantes de cargos do alto escalão do Executivo.
Acompanhei o esforço para que o sonho se materializasse.
E assim ocorreu.
Como o tempo é o senhor da razão e os bons trabalhos são sempre lembrados, eis que o Professor volta a ocupar a Pasta da Educação no Estado de Roraima. Foi uma breve passagem, mas importante para asseverar que o bom gestor não estava enferrujado e que a competência profissional transcendia, novamente, os limites territoriais de uma Unidade Federativa, afinal, quando ainda nem se falava em escola de tempo integral e educação especial, o professor Aldo já implantava esses métodos educacionais.
Passaram-se os anos, ingressei na vida pública e pude presenciar, graças ao bom Deus, o desfecho de um ciclo, de forma digna e sem máculas que pudessem manchar a honra de nossa família.
Agora é comigo, professor!
Esta crônica foi escrita em agosto de 2011. Publicação em homenagem ao meu pai, Professor Aldo Gomes da Costa, falecido no dia 25/11/2016.
*Christiano Pinheiro da Costa é Defensor Público do Estado do Amazonas