
O lúpus, uma doença inflamatória autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, sempre teve suas causas desconhecidas. Contudo, um estudo recente publicado na revista científica Nature nesta quarta-feira (10) aponta para uma possível origem da doença: um defeito molecular no sangue dos pacientes.
Pesquisadores da Northwestern Medicine e do Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos, identificaram mudanças significativas em várias moléculas sanguíneas de pacientes com lúpus. Essas alterações resultam em uma ativação insuficiente de uma via controlada pelo receptor de hidrocarboneto arila (AHR). O AHR regula a resposta das células a poluentes ambientais, bacterianos ou metabólicos.
Esse defeito molecular leva à formação de células imunes promotoras de doenças, conhecidas como “células T auxiliares periféricas”. Essas células promovem a produção de autoanticorpos, que atacam células saudáveis ao invés de combater vírus e bactérias, resultando no desenvolvimento de doenças autoimunes como o lúpus.
Para reverter esse defeito, os pesquisadores inseriram moléculas ativadoras de AHR em amostras de sangue de pacientes com lúpus. Esse procedimento transformou as células T auxiliares periféricas, causadoras do lúpus, em um tipo de célula chamada “Th22”, que promove a cicatrização de feridas geradas pela doença. Se esse efeito for duradouro, poderá representar uma cura potencial para o lúpus.
Jaehyuk Choi, professor associado de dermatologia na Northwestern University Feinberg School of Medicine e dermatologista da Northwestern Medicine, e coautor do estudo, comentou em um comunicado à imprensa: “Até este ponto, toda terapia para lúpus é um instrumento contundente. É uma imunossupressão ampla. Ao identificar uma causa para esta doença, encontramos uma cura potencial que não terá os efeitos colaterais das terapias atuais.”
Os pesquisadores estão agora focados em expandir seus estudos para desenvolver novos tratamentos para pacientes com lúpus. Eles também trabalham para encontrar formas de tornar essas moléculas ativadoras de AHR acessíveis de forma segura e eficaz para as pessoas com a doença.
Essas descobertas representam um avanço significativo na compreensão do lúpus e abrem caminho para tratamentos mais específicos e menos agressivos para os pacientes.
Fonte: CNN Brasil