Círculo de Mulheres “Como sermos amazonas hoje?” acontece no Bosque da Ciência

Círculo de Mulheres “Como sermos amazonas hoje?” acontece sábado (5)/Foto: Divulgação

A terra preta é uma tecnologia das populações originárias da América do Sul que transformavam solos em meio à floresta, em propícios para o plantio. Dominada pelas mulheres ameríndias, a terra preta é também o mote da instalação “Nem tudo que reluz é ouro”, da artista Simone Fontana Reis, que abrigará, na próxima quarta-feira, 5 de agosto, o “Círculo de mulheres ‘Como sermos amazonas hoje?’”, no Paiol da Cultura do Bosque da Ciência, a partir das 14h.


O evento pretende pretende criar uma oportunidade de encontro entre mulheres lutadoras que acreditam na potência da aliança feminina, sendo o primeiro de uma série planejada pela artista.

O nome Amazonas, que batiza o maior Estado do Brasil e um dos maiores rios do mundo, tem sua origem em uma lenda grega que veio parar em terras brasileiras. Quando expedicionários europeus chegaram à região que hoje pertence à Amazônia, encontraram um grupo de índias guerreiras. Segundo os relatos, elas lutavam nuas e viviam em tribos isoladas. Eram chamadas pelos índios de icamiabas.

Por seus costumes, elas lembravam as lendárias amazonas da mitologia grega, e logo foi feita a associação entre elas. Sabemos como era importante o papel das mulheres nas sociedades ancestrais que aqui viveram antes da chegada dos europeus. Além de terem desenvolvido a tecnologia da Terra Preta, responsável por sustentar uma civilização saudável e bem alimentada por milênios, elas cuidavam da família, da floresta, lutavam, jogavam, dançavam, e sobretudo participavam ativamente da vida político-social nas aldeias, ao contrário do que ocorria no mesmo período na Europa, onde a mulher era reprimida pelo homem, e tinha pouca participação na vida social, ficando limitada às tarefas domésticas.

As mulheres ameríndias, se empenharam no lento e trabalhoso método da confecção da Terra Preta para deixar este adubo como um presente para futuras gerações. Só essa consciência já demonstra o grau de humanidade que essas civilizações atingiram, bem diferente da realidade que vivemos no mundo e no Brasil de hoje, e o quanto temos a aprender com nossas raízes ameríndias.

Círculo de Mulheres “Como sermos amazonas hoje?” acontece sábado (5)/Foto: Divulgação

A instalação “Nem tudo que reluz é ouro” da artista Simone Fontana Reis no Paiol da Cultura, por ser arredondado, quente e úmido como um útero, e por estar coberto por terra preta com réplicas de cacos cerâmicos ancestrais, é o lugar ideal para realização do Círculo de Mulheres: encontro entre índias e caboclas da região, artistas, arqueólogas, antropólogas e outras batalhadoras.

O que representaria nos dias de hoje, ser uma amazona? Onde se encontram na contemporaneidade as lideranças femininas? Como combater o processo de repressão e desvalorização da mulher impregnado em nossa cultura desde a colonização? O objetivo da artista é conversar sobre o resgate da tecnologia da Terra Preta e propor uma reflexão sobre o papel das mulheres nas comunidades de hoje em comparação com antigamente.

Que crenças precisamos destruir? Que reflexos e imagens podemos resgatar? Sabemos o quanto é importante recriar um elo de identificação entre mulheres e das mulheres de hoje com suas sucessoras. Os homens brancos sempre tiveram modelos de outros homens vencedores para se refletirem. Que mulheres do passado servem como modelo para as da atualidade? A valorização da mulher na sociedade e a superação dos preconceitos em relação à cultura ameríndia, são pontos fortes do trabalho da artista, que convida a todos a uma viagem ao mundo enterrado logo abaixo de nossos pés.

Simone fala sobre a importância dos cacos cerâmicos ancestrais, enciclopédias de multi-narrativas que contemplavam vidas saudáveis, de inclusão e usos diversificados e sustentáveis da natureza.

 

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