
Pronunciamento abusivo do sr. Gilmar Mendes contra a paciência do povo, revelação repetitiva da conduta arrogante desse servidor da Justiça cujos salários são pagos por nós, e um grande desrespeito ao vigoroso trabalho desenvolvido pelo competente ministro relator Benjamim, que se amparou numa montanha de provas consistentes de abuso de poder político e econômico para decidir pela cassação da chapa dilma-temer.
O ministro Gilmar, deletério à reconstrução da ética e da probidade na disputa dos cargos eletivos, deturpa o sentido do valor do voto do povo, quando defende que os mandatos devem ser preservados, embora diante de práticas ilícitas pelos candidatos. Ou seja, a ilicitude da conduta do candidato na disputa eleitoral deve ser desconsiderada em benefício da valorização do voto do eleitor. Aí temos uma inversão de valores perversa e inaceitável contra as regras da democracia, que só tem assento na cabeça desse ministro de quem não se aproveita nada do fala, sobre direito ou assuntos gerais.

A valorização do voto livre, universal e secreto decorre da aplicação de regras democráticas lícitas no processo eleitoral, no qual os candidatos devem ter as mesmas condições de igualdade na disputa. Se um candidato é favorecido pela prática de atos de poder político e econômico, em detrimento de outro candidato que não usa desses meios, temos nessa hipótese, um atentado à democracia e à soberania do voto.
Em verdade, o eleitor não quer desonestidade no processo eleitoral, porque lhe seria desconfortável sair de casa para votar em candidato que usa de esquemas desonestos para facilitar a sua eleição. O candidato pode ser desonesto mas o eleitor não é. O julgamento do TSE, hoje, foi uma vergonha nacional.
Foi um momento glorioso para a corrupção que vem destruindo a moralidade que se exige da classe política que temos, com essas figuras que não respeitam os seus eleitores. Temos um ordenamento jurídico-eleitoral que protege o mandato conquistado de forma lícita nas urnas, mas há também regras de punição àqueles que cometem atos incondizentes com a legalidade e a ética. Na visão desse ministro nocivo à Justiça, não devem mais ser punidos aqueles políticos que desrespeitam a lei na disputa eleitoral.
Em outras palavras, está liberada a desorganização e o desrespeito à ordem legal de regência da questão eleitoral, no que se refere à lavagem de dinheiro, corrupção, caixa dois, financiamento de campanha de forma ilícita e imoral. Estamos caminhando para implantarmos, concretamente, a república da suruba, que o grande corrupto senador Romero Jucá defende que deve ser implantada no Brasil. Tudo isso é muito danoso para o país do presente e do futuro, porque nos injeta uma forte dose de desesperança para passarmos o Brasil realmente a limpo dessa canalhice na política e em parte do judiciário, neste, sob a fúria em favor do mal, dessa figura irresponsável e intolerável chamada Gilmar Mendes.(Raimundo Silva é Advogado e Professor)