Converter não é a missão, diz Papa Francisco

O Papa Francisco foi recebido no aeroporto pelo rei marroquino, Mohammed VI — Foto: Fadel Senna/Pool Photo via AP

Neste domingo (31), no segundo dia da visita ao Marrocos, o Papa Francisco declarou à comunidade católica do país, de maioria muçulmana, que a missão deles ali não é converter, mas viver em fraternidade com todas as outras religiões.


“Continuem próximos daqueles que são frequentemente excluídos, os pequenos e os pobres, os prisioneiros e os migrantes. Os caminhos da missão não passam pelo proselitismo, que sempre leva a um beco sem saída”, disse o

Papa, que no sábado (30) encontrou 80 migrantes em um centro humanitário da Caritas.
Francisco usou a viagem de dois dias para enfatizar o diálogo entre as religiões. Ele também apoiou os esforços do rei marroquino, Mohammed VI, para espalhar uma forma de islamismo que promova o diálogo inter-religioso e rejeite a violência em nome de Deus.

As informações são das agências de notícias Reuters e France Presse.

Os 23 mil católicos do país — a maioria deles europeus expatriados, principalmente franceses, e migrantes africanos subsaarianos — representam menos de 1% da população, de cerca de 35 milhões.

“Os cristãos são uma pequena minoria neste país. No entanto, na minha opinião, isso não é um problema, embora eu perceba que às vezes pode ser difícil para alguns de vocês”, disse Francisco em uma reunião com líderes comunitários católicos em Rabat.

Papa Francisco em encontro com a comunidade católica do Marrocos, — Foto: Gregorio Borgia/AP

Na catedral da capital marroquina, que foi cercada por um forte esquema de segurança, o Papa explicou às pequenas comunidades cristãs do Marrocos que o importante não é que sejam numerosas, mas que ilustrem concretamente os ensinamentos da Igreja.

“Isto significa, queridos amigos, que nossa missão como pessoas batizadas, sacerdotes e homens e mulheres consagrados não é realmente determinada pelo número ou tamanho dos espaços que ocupamos, mas pela nossa capacidade de gerar mudanças e despertar maravilhas e compaixão. A Igreja cresce não por proselitismo, mas por testemunho”, disse o pontífice.

A observação de Francisco tem relevância particular em um país onde o proselitismo ativo junto aos muçulmanos marroquinos pode ser punido com até três anos de prisão.

Por outro lado, os muçulmanos teoricamente têm o direito de se converter se for sua própria escolha, uma abertura notável em comparação com outros países como os Emirados Árabes Unidos, onde a conversão incorre em morte. Ainda assim, as autoridades marroquinas não reconhecem os convertidos ao Cristianismo, muitos dos quais praticam a religião secretamente em casa.

Um dos presentes na catedral de Rabat, que ouviu o apelo de Francisco para o diálogo inter-religioso, foi o padre Jean-Pierre Schumacher, um monge francês de 95 anos que sobreviveu ao que é conhecido como o massacre de Tibhirine na Argélia. Em março de 1996, sete monges franceses foram sequestrados em um monastério na aldeia central de Tibhirine durante a guerra civil. Schumacher conseguiu escapar, mas os outros foram assassinados.

Diálogo

No sábado (30), Francisco e o rei Mohammed VI visitaram um instituto que o monarca fundou para treinar imãs (sacerdotes do Islã) e homens e mulheres pregadores da religião.

Francisco elogiou o monarca por fornecer “treinamento sólido para combater todas as formas de extremismo, que tantas vezes levam à violência e ao terrorismo, e que, de qualquer forma, constituem uma ofensa contra a religião e contra o próprio Deus”.

O Marrocos se promoveu como um oásis de tolerância religiosa em uma região dilacerada pela militância. O país já ofereceu treinamento para pregadores muçulmanos da África e da Europa sobre o que descreve como o Islã moderado.

Também no sábado, líderes judeus se juntaram aos representantes cristãos na primeira fila em dois eventos presididos pelo Papa e pelo monarca sobre o diálogo inter-religioso.

No mesmo dia, Francisco afirmou que problemas de imigração jamais serão resolvidos por barreiras físicas, mas por justiça social e correção dos desequilíbrios econômicos mundiais.

Fonte: G1

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