Curta-metragem amazonense ‘Leco’ estreia no Teatro da Instalação neste sábado (18)

O enfoca violência urbana na história de adolescente que envereda pelo caminho do crime.

Dois temas sociais que marcam a produção recente do cinema brasileiro, a pobreza e a violência são também a mola propulsora de “Leco”, curta-metragem do realizador amazonense Augustto Gomes que estreia neste sábado (18), às 19h, no Teatro da Instalação (rua Frei José dos Inocentes, S/Nº, Centro de Manaus). O filme foi produzido com incentivo do Programa de Apoio às Artes – ProArte 2013, do Governo do Amazonas, via Secretaria de Estado de Cultura. A exibição tem entrada gratuita.


“Leco” conta a história de um garoto abandonado pela mãe que cresce nas ruas e se torna líder de uma pequena gangue, responsável por praticar furtos no Centro da cidade. Depois que uma mulher é morta num dos assaltos, porém, ele abandona seu grupo e decide colocar em prática o plano de assaltar uma casa sozinho para conseguir dinheiro.

Na visão do secretário de Estado de Cultura, Robério Braga, o fato de permitir que projetos audiovisuais como “Leco” deixem o papel e cheguem às telas, atesta a importância do prêmio de incentivo do Governo do Estado.

“Ter uma ação que faça a ponte entre um sonho e um filme realizado é essencial para que o circuito audiovisual do estado cresça e cada vez mais alcance outros públicos no Brasil e no mundo. O Amazonas é um manancial de histórias à espera de serem contadas, e nossos jovens cineastas e realizadores já provaram ter talento de sobra para levar essas histórias à tela e conquistar o público”, declara ele.

Seguindo um caminho bastante explorado no cinema nacional nos últimos 15 anos, “Leco” traz a história de um personagem que vive entre a pobreza e a violência, com um enfoque calcado na realidade. No filme, a trama se desenvolve a partir do momento em que o personagem-título se vê numa encruzilhada.

Produzido com apoio do ProArte 2013, filme é dirigido por Augustto Gomes /Foto: Divulgação

“Coloco esse personagem na fronteira entre o bem e o mal: ele cresceu nas ruas, mas não é um assassino. Seu amigo é, porém, e acaba matando uma senhora”, explica Augustto. Ao enfocar a condição instável de quem vive à margem, o curta leva a refletir sobre o quanto as circunstâncias podem determinar o destino de cada um, enquanto desarma noções controversas e preconceitos insuflados por discursos de ódio.

“Em que momento esse adolescente saiu do ‘bom caminho’, por assim dizer? Será que um jovem que assalta é pura e simplesmente descartável para a sociedade? Bandido bom é mesmo bandido morto? E quem precisa mais da gente: o delinquente ou a pessoa que já vive no caminho correto?”, questiona. “Não quero defender quem age errado, mas quero que o espectador possa se fazer esses questionamentos”.

Às vésperas da estreia, Augustto se diz satisfeito com o trabalho. “Foi um filme feito com muito amor e procurando muito acertar. Espero que as pessoas gostem, pois elas é que vão dizer se está bom”, declara ele, que espera receber também os colegas do circuito audiovisual de Manaus. “Sempre que encontro outros realizadores de Manaus, busco sempre trocar ideias e aprender. Esse prestígio dos companheiros de profissão é muito importante e só faz crescer o segmento”.

Produção – Apesar de iniciado em 2015, somando três meses de pré-produção e filmagens, mais um ano de pós-produção, o projeto de “Leco” nasceu bem antes. “O roteiro foi escrito há muito tempo, ainda em 2009, e desde lá esteva na gaveta. Viemos tentando realizar desde então, e conseguimos graças ao ProArte”, revela o realizador amazonense.

A pré-produção do curta iniciou em março de 2015, seguindo pelos três meses seguintes com planejamento logístico, testes de elenco, preparação de atores e outras atividades. As filmagens aconteceram na primeira semana de junho daquele ano, e contaram com a participação de 25 profissionais, entre atores e equipe técnica. A pós-produção tomou mais um ano do projeto, com seis cortes entre montagem, edição e finalização.

A produção contou com a participação de profissionais de peso, como Reginaldo Gomes ‘Tyson’, diretor de fotografia que já participou de produções internacionais, entre elas “David Beckham: Into the unknown” (2014), da BBC, e um episódio de “Years of living dangerously” (2014), com Gisele Bündchen. Tem ainda Marinho Bello, que trabalhou na captação de áudio e na produção da trilha sonora original do filme.

O enfoca violência urbana na história de adolescente que envereda pelo caminho do crime.

No elenco, “Leco” traz Jhoas Junior no papel principal, com a participação do jovem Fabrício na fase criança do personagem. Aline Cassiano, Lucas Martins, Paul Brown, Keilla Gomes e Ítalo Castro são alguns dos outros atores no elenco da produção.

Trajetória – Augustto Gomes começou sua carreira no audiovisual em 2005, como participante do curso de Cinema do projeto Viajando na Telinha, no Rio de Janeiro. Na formação, voltada a iniciativas de cunho social, teve contato com cineastas e produtores nacionais e internacionais, como Antonio Pitanga, Chris Rodrigues e Antonio Molina (Cuba).

Ainda na capital carioca, atuou em projetos como a série televisiva “Cidade dos Homens” (TV Globo). Em 2009, retornou a Manaus, onde passou a trabalhar em produções filmadas na Amazônia, entre elas o longa-metragem indiano “Land of Gold”, onde atuou como produtor de arte. O realizador também desenvolve projetos independentes, e hoje trabalha em seu primeiro longa, “Vila Mamulengo”, que espera lançar ainda este ano.

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