
Zico não perdeu a oportunidade de comentar a eleição de Gianni Infantino para presidente da Fifa, entidade máxima do futebol mundial. Em Manaus para um amistoso beneficente, ele não se mostrou surpreso com o resultado, cobrou transparência, criticou a forma comos os candidatos foram indicados e deixou transparecer insatisfação ao falar sobre sua tentativa de candidatura, afirmando que é visto como um “patinho feio” por grupos de federações. Para o ex-jogador, a América do Sul deve ficar atenta ao cenário atual.
O Galinho tentou lançar candidatura para concorrer no pleito, mas não conseguiu cinco federações que o indicassem. Zico acredita não é visto com bons olhos por ser alguém de fora da Fifa e insinuou que o resultado pode não ser tão favorável à América do Sul.
– Dos cinco candidatos que estiveram lá, todos eles tiveram cargo na Fifa, em alguma entidade. Eu sou o “patinho feio”. Então não interessa para quem está votando, ter alguém de fora. Com isso, prevalece o futebol europeu, que hoje está por cima. Que a América do Sul tome cuidado. Brasil e Argentina, que tem muitos títulos mundiais, estejam atentos, porque hoje quem manda no futebol é a Europa – disse.
O ídolo disse ainda que não se surpreendeu com o resultado, e aproveitou a oportunidade para cobrar transparência e maior participação de todos os segmentos do futebol nas decisões da entidade.
– Já era esperado que a Europa prevalecer. O Platini era o grande favorito e a Fifa caiu no colo do Infantino. As pessoas não votam no nome da pessoa, porque não conhecem o trabalho dele, o que fez no futebol, para escolher ele. Ele era o candidato da UEFA, passou a ser o candidato no posto do Platini, que era o grande favorito. Vamos torcer para que tudo aquilo que ele falou antes possa ser concretizado. É um jovem, tem uma confiança muito grande do mundo do futebol, de quem votou nele, e eu torço para que dê certo. Para que ele possa voltar a dar credibilidade à Fifa, fazer com que a entidade seja democrática e transparente. Que aqueles do meio do futebol, não só jogadores e treinadores, mas médicos, dirigentes, preparadores físicos e terapeutas, participem das decisões do conselho da Fifa, e que não fique restrito a um grupo, esse que votou nele, porque esse grupo está comprometido com a UEFA, com as confederações e é isso que tem que acabar – protestou.
Zico ainda criticou a forma como os candidatos são indicados.
– Acho que deve haver independência e liberdade para as confederações escolherem os candidatos que quiserem, e não termos ainda esse famoso voto em bloco que eu acho que é um atraso para o futebol – completou.
Entenda
O suíço Gianni Infantino, de 45 anos, foi eleito nesta sexta-feira presidente da Fifa. O ex-secretário-geral da Uefa derrotou três candidatos e, no segundo turno, e agora tem mandato até 2019 – complementando o tempo deixado pelo antecessor, Joseph Blatter. Infantino será o nono mandatário da entidade, o oitavo europeu – o brasileiro João Havelange (1974-1998) é a exceção. Sua missão será resgatar uma entidade devastada por escândalos de corrupção e na maior crise de credibilidade de sua história.
Zico anunciou em 2 de junho que tentaria ser candidato à presidência da entidade, logo após Blatter colocar o cargo à disposição por causa da crise que se instalou com a prisão de sete dirigentes ligados à Fifa – incluindo o brasileiro José Maria Marin. Com uma campanha voltada às redes sociais, o Galinho recebeu a promessa da CBF que receberia o apoio caso outras quatro federações também se posicionassem a favor do ídolo do Flamengo, porém, em outubro, o eterno camisa dez anunciou oficialmente que não iria mais ser candidato por não ter conseguido as indicações.(G1)