‘Falsos profetas estão transformando Igrejas em palanques políticos’, diz Lula

Dilma Rousseff e Lula - foto: recorte/recuperada

Com desvantagem nas pesquisas entre evangélicos, candidato do PT diz que ‘Estado não tem religião’ e fala em ‘falsos profetas’ e ‘fariseus que estão enganando o povo o dia inteiro’.


O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu neste sábado o Estado laico e acusou seus opositores de usarem as igrejas como palanque político. O petista aparece em desvantagem em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas de opinião entre os evangélicos.

Estado laico

A questão religiosa está tão na moda agora. E eu não quero falar de religião. Tem muita fake news. Tem demônio falando de Deus e tem gente honesta chamada de demônio. (…) Tem gente que está fazendo da igreja um palanque político. Eu defendo o Estado laico. O Estado não tem que ter religião. As igrejas não têm que ter partido político.

Nesse grupo religioso, Bolsonaro ampliou sua dianteira sobre Lula de 10 para 17 pontos, segundo pesquisa Datafolha realizada entre os dias 16 e 18 de agosto. O presidente subiu de 43% para 49% das intenções de voto no último mês e Lula oscilou de 33% para 32%. Além disso, a rejeição de Lula entre evangélicos disparou nos últimos dois meses.

Na primeira semana de campanha, a disputa entre Lula e Bolsonaro por esse eleitorado se deu em tom de guerra religiosa. Bolsonaro trabalha para consolidar o apoio dos fiéis dessas igrejas e sua campanha tem usado a primeira-dama Michelle para atacar os adversários e associar Lula às trevas. Como reação, uma das estratégias do líder petista é a adoção do discurso da liberdade de culto. Mas não só.

Ele também tem reagido contra fake news de alguns líderes religiosos evangélicos que passaram a propagar que um eventual governo petista fecharia igrejas.Na parte final de sua fala, Lula disse que fiéis precisam contestar pastores, caso eles falem mentira.

Pastor sério

Se o pastor estiver falando coisa séria, a gente respeita. Se ele estiver mentindo, a gente tem que enfrentá-lo. Em nome de Deus não se pode contar mentira nem aqui e nem em lugar algum do mundo.

O ex-presidente também chamou, sem menção direta, Bolsonaro de “genocida” novamente. O petista defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a comparou com o adversário:

O que é uma pedalada contra as motociatas que esse genocida faz hoje?

No segundo comício desde o início da campanha eleitoral, a equipe de Lula escolheu montar um palco no Vale do Anhangabaú, no Centro da capital paulista. Foi nesse endereço que, em abril de 1984, foi organizada uma das maiores manifestações do movimento Diretas Já, pelo fim da ditadura militar e com participação de Lula.

No discurso, Lula deu recados diretos a Bolsonaro e mencionou a possibilidade de o presidente não entregar a faixa, caso seja derrotado em outubro:

Eu queria dar um recado para o nosso adversário, para o homem lá do Palácio. Se prepare, Bolsonaro. Se prepare. Não tenha preocupação com o Lula. Não tenha preocupação com Alckmin. Nós não vamos fazer nada com você. Quem vai fazer com você, Bolsonaro, é o povo brasileiro que está com o saco cheio de tanta mentira, injustiça e sofrimento — disse, mencionando a possibilidade de Bolsonaro não entregar a faixa presidencial em caso de derrota — “Ah, se eu perder não vou entregara faixa”. Vai entregar, sim. Porque é o povo que vai colocar a faixa em nós em Brasília.

Provocação sobre pesquisas eleitorais

Não faltaram provocações a Bolsonaro no discurso de Lula. O ex-presidente citou o conjunto de medidas do governo conhecido como carteira verde e amarela para atacar o adversário. Também disse que Bolsonaro está “roendo as unhas” a cada nova pesquisa de opinião pública.

O palco para o evento deste sábado foi montado em frente ao Viaduto do Chá. O espaço separado para o comício têm cerca de 260 metros de comprimento por aproximadamente 45 metros de largura — do Viaduto do Chá até a Avenida São João.

Propagandas, imagens e jingles da campanha de Lula, Haddad e Márcio França foram transmitidos nos telões antes do início das falas.

Uma bandeira do Brasil de cerca de 50 metros de comprimento e 25 de largura foi esticada durante o hino nacional e a fala de Lula. O ato foi organizado pelo movimento Levante Popular da Juventude. Outro bandeirão, esse vermelho do PT, mas de dimensão similar, diz “o povo acima do lucro”.

Assim como no primeiro comício de Lula, realizado em Belo Horizonte (MG), na última quinta-feira, o evento foi apresentado pelo jornalista Chico Pinheiro.

O evento começou às 11h, quando os termômetros paulistas registravam 12°C. A entrada do público começou às 8h. Sindicalistas e integrantes de movimentos populares também marcaram presença.

A segurança do evento foi organizada pela Polícia Federal. Foram enviados também 40 bombeiros. A área foi cercada e fechada por placas de metais de cerca de dois metros. Para entrar, era necessário ser revistado.

G1

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