Governo agônico e instituições em frangalhos (Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo (AM)

Não há um único dia que a mídia não divulgue um novo escândalo envolvendo a chusma lulopetista, no seio do governo ou em áreas próximas ou orquestradas pelo poder. Nesta semana, foram tantos os casos escabrosos presentes nas páginas de rosto dos principais jornais do país, que chega a desanimar. A cada dia, uma agonia. Será que já estamos no fundo do poço ou o pior ainda virá? Até que ponto as instituições apodreceram, contaminadas pela ação de dirigentes corruptos, em transações criminosas de apropriação privada do Estado? Com a classe política que hoje temos no Brasil e com seus partidos, inautênticos, disformes, sem identidade ideológica, popularescos, comprometidos até a raiz com a política de balcão do toma lá dá cá, ainda é possível ter alguma esperança?
Diante do quadro atual, as respostas certamente seriam negativas. Mas ninguém vive sem acreditar na superação de suas próprias dificuldades, sem divisar um horizonte promissor, um futuro melhor, sem cultivar esperanças, até em circunstâncias as mais adversas e extremas. Não é sem propósito que a esperança é uma das três virtudes teologais, situando-se no mesmo patamar da fé e da caridade, porta aberta para a realização dos anseios cristãos e humanos.


Cumpre, portanto, continuar a crer, admitir que a Nação pode virar o jogo, mesmo com dificuldades e sacrifícios ingentes. E somente com a população nas ruas e praças do Brasil, será possível realmente reverter o quadro deprimente.

É bem verdade que, com o PT e o lulopetismo, atingimos o paroxismo. Lula e Dilma, que insistiam em passar ao largo das investidas da companheirada contra o erário, agora surgem no núcleo dos escândalos, com práticas condenáveis irrespondíveis. No governo Lula, pelo amor de Deus, vendeu-se até Medida Provisória – MP, iniciativa legislativa do Poder Executivo encaminhada ao Congresso Nacional, como ocorreu com a concessão de isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), em favor da indústria de carros produzidos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Um negócio da China, realizado no ano de 2009, com Dilma Rousseff na chefia da Casa Civil e Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência, afilhados do peito do metalúrgico. Movimentou-se algo em torno de um bilhão e meio de reais, que propiciaram propinas polpudas aos agentes públicos envolvidos nos negócios inescrupulosos.

Feliz coincidência, no ano em que a decisão entrou em vigor, Marcondes & Mautoni, empresa que também atuou para viabilizar a MP em benefício das montadoras, transferiu a modesta importância de 2 milhões e 400 mil reais para a conta bancária da firma do Lulinha – Luís Cláudio Lula da Silva, em homenagem aos belos olhos do rapaz e de seu pai. Fatos muito bem provados, Lula e Lulinha não tiveram como negar, embora tenham tentado sair pela tangente, uma conversa fiada que não convence nem o mais tolo dos néscios.

O metalúrgico, que vivia de ceca em meca com o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba, aparece finalmente como lobista-empregado da empreiteira. E-mails em mãos da Polícia Federal revelam forte e estreita relação da Ordebrecht com o Palácio do Planalto, ao longo dos governos Lula e Dilma, em função de interesses da empresa na contratação de obras vultosas no exterior. Nada justifica a atuação de ambos, na sombra, via procedimentos não institucionais ou convencionais, junto a chefes de Estado suscetíveis à influência dos governantes brasileiros, sem que paire suspeitas quanto à obtenção de vantagens pessoais nem um pouco republicanas ou escorreitas.

Na voragem do mar de lama lulopetista, tem-se agora escancarados os financiamentos espúrios das campanhas políticas de Dilma, abastecidas com recursos provenientes dos esquemas de corrupção na Petrobras. É o que denuncia o líder do cartel das empreiteiras, Ricardo Pessoa, proprietário da UTC Engenharia, com apoio em prova material, fato que torna ilegal e ilegítimo o mandato da presidente, passível de cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral, como se espera.

Coroando a semana, com as instituições nocauteadas e em frangalhos, o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, é flagrado com contas milionárias na Suíça, em seu nome e de parentes, antes negadas pelo próprio, em depoimento perante a CPI da Petrobras. Mentiu, feriu o decoro e está a um passo de perder o mandato.  Recusa-se a dar explicações sobre as investigações do governo suíço, cujos resultados já estão com o procurador-geral da República.

Pelo visto, com Renan Calheiros, presidente do Senado, também já denunciado e com processo em curso no Supremo Tribunal Federal, ninguém escapa. Uma tragédia.(Paulo Figueiredo – Advogado, Escritor e Comentarista Político – [email protected])

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