Invisibilidade da mulher – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

O tema da redação do ENEM deste ano, foi confuso e dúbio, com o título “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil’, o desenvolvimento do tema leva a várias vertentes. Por exemplo: trata-se da invisibilidade da mulher nas tarefas domésticas? Seria muito obvio, seria sobre o desafio da mulher na pandemia? Entre as mulheres responsáveis pelo cuidado de crianças, idosos ou pessoas com deficiência? Essa é uma dimensão do cuidado muitas vezes invisibilidade, pois não se trata de uma atividade específica como é o auxílio na alimentação, por exemplo. Em casa, os tempos do cuidado e os tempos do trabalho remunerado se sobrepõem no cotidiano das mulheres: mesmo enquanto realizam outras atividades cotidianas, seguem atentas.


É preciso humanizar a leitura dos dados e destacar que “a taxa” representa milhares de mulheres que estão sempre em condição de vulnerabilidade.

Gosto de lembrar o papel da mulher em nosso Estado

A mulher amazonense teve gloriosa campanha, com atuação magnânima e impregnada das fragrâncias do seu excelso coração. Senhoras da alta sociedade, as estudantes, as domésticas, todas estavam sempre presentes nos “meetings”, nas festas beneficentes, nos “Te Deum”, nas tertúlias cívicas.

Quando chegou a Paris a notícia da libertação dos escravos no Amazonas, Victor Hugo o excelso campeão mundial das liberdades do homem, mandou por intermédio do Barão de Sant’ Ana Nery, os seus parabéns aos amazonenses.

A frase parece de efeito “Estás livre como se livre tivesses nascido”, porém a emancipação dos escravos realmente aconteceu, no ano do Centenário da Abolição.

Esta libertação a priori no Amazonas, leva-nos a reflexão nos dias de hoje e perguntamos:
Realmente e efetivamente, o negro é livre? O racismo persiste apesar da escravidão não existir? A mulher realmente tem sua visibilidade reconhecida totalmente?

A libertação dos escravos em sua essência foi somente para os negros, ou continuamos escravos de um regime não monarquista, não imperial, mas a mercê de corruptos e desviadores do erário público?

Não continuamos escravos de um regime capitalista que nos asfixia, com uma espiral de alto de juros que açoita como a lambada na costa do escravo?

O abuso, a trapaçaria e a fraude não são utilizadas contra nós diariamente, deixando-nos escravos destes que a praticam?

Não somos reféns de bandidos que nos escravizam quando temos que nos engaiolar em nossas próprias residências?

É chegada a hora do brasileiro tomar como exemplo a declaração soberana do Presidente da Província do Amazonas Dr. Teodoreto Souto que afirmava naquela ocasião: “ Em homenagem á civilização e á Pátria, em nome do Povo Amazonense, declaro que, pela vontade soberana do mesmo povo e em virtude de suas Leis, não existem mais escravos no território desta Província, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, ficando assim e de hoje para sempre abolida a escravidão e proclamada a Igualdade dos direitos de todos os seus habitantes”.

É evidente que a corrupção e a visibilidade da mulher, não se acaba com um ato solene como este, mas, guardadas as proporções, poderíamos ter uma declaração de governantes, banindo os corruptos e insistindo no compromisso profundo, de todos os que não se acomodam, com os valores éticos de uma sociedade limpa e justa. E que não somente a escravidão seja para os negros, mas também que as mulheres sejam reconhecidas como protagonistas de muitas vitórias, e que não se orne mais um desafio como propõe o tema da redação.

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