
A Justiça da Suíça concordou com pedido dos Estados Unidos e extraditará o ex-presidente da CBF José Maria Marin, preso em Zurique, desde 27 de maio por corrupção em contratos televisivos de futebol. O dirigente teria 30 dias para recorrer, mas aceitou a extradição ontem, terça-feira (27), de acordo com comunicado emitido pelas autoridades do país europeu hoje (28).
Por ter aceitado prontamente a extradição, a Oficial Federal de Justiça podia autorizar de imediato sua extração por meio de um processo simplificado. Segundo a lei suíça, Marin tem dez dias para ser entregue a uma escolta policial dos EUA para ser levado ao país americano.
Jeffrey Webb, ex-vice-presidente da Fifa, já havia aceitado sua extradição para os Estados Unidos e foi entregue aos americanos no dia 15 de julho.
Os outros cinco dirigentes que foram presos com Marin e Webb seguem contra a extradição. Todos prestaram recurso no Tribunal Penal Federal contra as sentenças de extradição. O Tribunal já recebeu recursos de Eugênio Figueredo e Rafael Esquivel.
Os advogados de Marin, segundo jornal O Estado de S. Paulo, agora estudam negociar com a Justiça americana para que a pena seja cumprida em prisão domiciliar. Para isso, o dirigente pode chegar a pagar R$ 38 milhões de fiança para os EUA.
Como possui moradia em Nova York, que deverá ser incluso no valor a ser pago, a defesa tenta a possibilidade dele cumprir a pena em casa. O jurídico do cartola sustenta que não existem provas substanciais para incriminar Marin.
Detido na Suíça, Marin pouco conversou na prisão. Ele não fala inglês, tampouco alemão. O dirigente gastava o tempo lendo livros.
Marin era o último dos sete dirigentes que haviam sido presos no começo do ano e não tinham o processo de extradição aprovado. Julio Rocha, ex-presidente da Federação de Futebol da Nicarágua, Costas Takkas, ex-dirigente da Concacaf; Eduardo Li, ex-presidente da Confederação Costa Rica; Jeffrey Webb, que era um dos vice-presidente da Fifa, o uruguaio Eugenio Figueredo, ex-presidente da Conmebol; e Rafael Esquivel, que presidiu a Federação Venezuelana de Futebol, foram julgados antes.
US$ 110 milhões em propinas
Marin foi preso com outros seis dirigentes, todos eles ligados a confederações das Américas. As detenções foram coordenadas pelas polícias norte-americana e suíça. A investigação realizada pela Procuradoria de Nova York descobriu que o ex-presidente da CBF seria um dos cinco beneficiários de uma propina de US$ 110 milhões pagos pela empresa uruguaia Datisa, criada pela Traffic e por outras duas agências de marketing para negociações de direitos de transmissão da Copa América.
Marin e os outros acusados receberiam o dinheiro por terem feito com que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e a Concacaf (Confederação de Américas do Norte e Central) cedessem à Datisa os direitos mundiais de transmissão das edições da Copa América dos anos de 2015, 2019 e 2023, além da edição especial do campeonato em 2016, evento que será realizado nos Estados Unidos e reunirá seleções de todo o continente americano.
De acordo com os procuradores norte-americanos, o esquema foi fechado em janeiro de 2014, quando Marin era o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e membro do comitê executivo da Fifa. Já o representante da CBF na Conmebol, à época, era Marco Polo del Nero, atual presidente da CBF, que é investigado pelo FBI.(UOL)